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Fatores de risco demográficos e cardiovasculares associados ao uso de drogas ilícitas em motoristas de caminhão

Mariana de Moura Pereira, Vilma Leyton, Julio Yoshio Takada, Antonio de Padua Mansur
Departamento de Medicina Legal, Etica Medica e Medicina Social e do Trabalho, Faculdade de Medicina FMUSP, Universidade de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil, INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: Motoristas de caminhão são constantemente expostos a estilos de vida inadequados que favorecem as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), em especial as doenças cardiovasculares (DCV). O consumo de drogas ilícitas e estimulantes são fatores adicionais para essas doenças.

Métodos: estudo transversal analisou a associação entre as variáveis demográficas e os fatores de risco para as DCV com o uso de drogas ilícitas em 2.071 motoristas de caminhão que transitaram pelas rodovias do Estado de São Paulo, entre 2010 e 2016, no programa “Comandos de Saúde nas Rodovias” promovido pela Polícia Rodoviária Federal. Testes rápidos “Point-of-Care” no local foram usados para análise de glicose, triglicérides e colesterol total no sangue. Os testes toxicológicos de triagem e de confirmação de amostras positivas para maconha, cocaína e anfetaminas foram realizados nas amostras de urina e de saliva.

Resultados: A média de idade para os 2.071 caminhoneiros foi de 42,27 ± 11,07 anos, sendo que o uso de drogas ilícitas, pelo menos uma vez na atividade profissional, foi reportado ou detectado por 388 (18,7%) desses motoristas. Comparados aos não usuários de drogas, os usuários foram mais jovens (37,25 ± 9,45 vs. 43,43 ± 11,1 anos; p<0,001), maior escolaridade (56,7% vs. 45%; p<0,001), solteiros (43,3% vs. 28,4%; p<0,001) e menor experiência profissional (12,36 ± 9,18 vs. 16,65 ± 11,59 anos; p<0,001). Os usuários de drogas associaram-se também com maior prevalência de fumantes (33,3% vs. 20,5%; p<0,001), maior consumo de álcool (53,8% vs. 45,6%; p=0,003), maior distância percorrida (798,19 ± 841,26 vs. 596,1 ± 947,79 Km; p<0,001) mais horas de direção por dia (9,79 ± 3,33 vs. 8,91 ± 3,13 hs; p<0,001), menos horas de sono (7,4 ± 1,68 vs. 7,61 ± 1,51; p=0,027) e mais acidentes de trânsito (18,9% vs. 23,2%; p=0,016). Porém, observou-se menor prevalência de hipertensão arterial sistêmica (9,8% vs. 15,2%; p=0,005). A análise de regressão logística mostrou idade [OR = 0,93 (95% CI: 0,91 – 0,95; p < 0,001)], tabagismo [OR = 2,18 (95% CI: 1,39 – 3,44; p = 0,001)], consumo de álcool [OR = 1,626 (95% IC: 1,06 – 2,49; p = 0,026)] e horas de direção por dia [OR = 1,08 (95% IC: 1,01 – 1,15; p = 0,012)] como variáveis independentes associadas ao consumo de drogas ilícitas.

Conclusão: o consumo de drogas ilícitas foi maior em motoristas jovens e solteiros e associou-se com maior prevalência de tabagismo, consumo de álcool e maior número de horas de direção, que são fatores de risco para as DCNT, DCV e acidentes de trânsito.

 

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