INTRODUÇÃO: A dissecção espontânea de artéria coronária (DEAC) é uma causa rara de infarto do miocárdio e morte súbita, sendo descrito o primeiro caso em 1931 por Pretty ². Na população em geral, a (DEAC) é a causa da síndrome coronariana aguda em 0,1 a 4% dos casos³. Usualmente é encontrada na literatura sob a forma de relatos de casos isolados, geralmente acometendo pacientes jovens e/ou do sexo feminino5. Em 2 séries de 87 e 168 pacientes, a idade média foi de 43 e 52 anos e 82 e 92% eram mulheres, respectivamente5,6. Os homens também podem apresentar DEAC (<10 a 15% dos casos); no entanto, mecanicamente, estes são mais prováveis de origem aterosclerótica do que não-aterosclerótica 7. A etiologia e a fisiopatologia permanecem obscuras. O tratamento é incerto, sendo a intervenção percutânea, a cirurgia de revascularização miocárdica e o tratamento conservador as opções terapêuticas 8,9. Relatamos caso paciente masculino, 47 anos, com quadro de síndrome coronariana aguda com supra de ST, cuja cineangiocoronariografia envidenciou dissecção artéria coronária direita (ACD); com recuperação total após 10 dias internação. CASO CLÍNICO: Paciente deu entrada na unidade de emergência referindo há 1 hora dor precordial típica, no eletrocardiograma apresentava supra de ST DII, DIII, AVF , V3R e V4R. Submetido a cineangiocoronariografia que evidenciou ACD com imagem laminar do terço médio ao terço distal com alta carga trombótica (fig. A e B ). Foi optado por anticoagulação com enoxaparina por 7 dias, dupla antiagregação, inibidor IIB IIIA e reestudo em 7 dias. Realizado ecocardiograma que mostrava FE 49% (S) e acinesia basal e médio da parede inferior. Paciente permaneceu estável, sem novos episódios de dor precordial, com marcadores de necrose miocárdica em queda, sendo submetido a novo cateterismo no oitavo dia de internação. O exame evidenciou ACD pérvia, sem obstruções, com Fluxo TIMI 3 e com resolução da dissecção(fig. C e D). Permaneceu estável recebendo alta no décimo dia de internação com retorno ambulatorial precoce. DISCUSSÃO: Nosso caso mostra um quadro (DEAC) pouco comum, por tartar-se de paciente masculino, com apresentação de síndrome coronariana aguda com supra de ST inferior, que evoluiu estável e com boa resposta ao tratamento clínico. Concluímos que o tratamento da (DEAC) deve ser individualizado e a melhor proposta terapêutica dependerá da gravidade e da apresentação clínico, sendo o tratamento clínico uma boa opção.