Monitor eletrocardiográfico portátil e diagnóstico de arritmias intermitentes: Relato de caso.
Introdução: A invenção do eletrocardiógrafo, em 1902, pelo fisiologista holandês Willem Einthoven, contribuiu para inaugurar uma nova era na medicina. Desde então os aparelhos vêm se modernizando, ao ponto de caberem na palma da mão ou dentro de um relógio, o que facilitou o diagnóstico de bradi ou taquiarritmias transitórias. As arritmias malignas têm alta prevalência e representam 95% das mortes súbitas fora do ambiente hospitalar.
Descrição do caso: C.V.S., 38 anos, sexo masculino, sem comorbidades prévias, perfil de atleta, jogador de tênis. Nos últimos 5 anos foi exaustivamente investigado, devido 2 episódios de síncope e dezenas de episódios de mal-estar, tontura e escurecimento de visão, que ocorreram na maioria das vezes associados ao esporte. Realizou eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma, holter, doppler de carótidas, angiotomografia coronariana, ressonância magnética cardíaca, tilt test, todos sem alterações. No último episódio, após término de partida de tênis, documentou-se o evento pelo monitor portátil em celular, fato inusitado pela coincidência da disponibilidade do dispositivo naquela circunstância, o qual registrou uma taquicardia sustentada com QRS largo com duração maior que 30 segundos, alta frequência ventricular (275bpm), com reversão espontânea.
Com o diagnóstico eletrocardiográfico, foi indicado estudo eletrofisiológico, o qual mesmo atentando a todos protocolos não foi efetiva a indução da referida arritmia. Optou-se por prescrição de betabloqueador e contraindicação de prática de esportes competitivos. Desde então, o paciente encontra-se assintomático.
Conclusão: Com o avanço da tecnologia, tornou-se possível diagnósticos eletrocardiográficos em lugares inacessíveis ao ECG convencional e que muitas vezes não são flagrados no momento de exames investigatórios, como no Holter 24h, no looper, ou mesmo pela dificuldade de se obter o implante destes dispositivos diagnósticos. Logo, torna-se importante flagrar arritmias em casos de pacientes sintomáticos, para que se conclua ser cardíaca a causa dos sintomas e prevenir futuros eventos com tratamentos adequados e individualizados para o paciente.
