INTRODUÇÃO: A cirrose hepática (CH) está associada a circulação hiperdinâmica e provável disfunção autonômica. O objetivo do estudo foi avaliar o comportamento hemodinâmico e a função autonômica vagal de pacientes com CH durante e após teste de resistência muscular periférica (TRMP). MÉTODOS: Foram avaliados 45 pacientes cirróticos (59±13 anos, IMC de 28±5 Kg/m²) e 38 controles (57±13 anos, IMC de 29±3 Kg/m²) que realizaram o TRMP com dinamômetro de preensão manual digital EGM®, com força alvo de 45% da contração voluntária máxima em ritmo de 60 ciclos de contração/relaxamento por minuto até a falha, caracterizada por três contrações consecutivas sem atingir a força alvo. A pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) e a frequência cardíaca (FC) foram registradas pelo monitor multiparamétrico DIXTAL®, antes, durante e após o TRMP. A avaliação autonômica vagal foi realizada em uma subamostra de 27 cirróticos (56±11 anos, IMC de 28±5 Kg/m²) e 22 controles (58±8 anos, IMC de 28±3 Kg/m²), nos momentos pré (10 minutos), durante o TRMP e pós (10 minutos) (cardiofrequencímetro Polar® V800). Posteriormente, no programa Kubius, foi feita a análise Time-Varying do índice RMSSD30, componente da modulação vagal. Utilizou-se ANOVA de 2 fatores para medidas repetidas seguida do post hoc de Scheffè. Foi considerado significativo p<0,05. RESULTADOS: Houve aumento da PAS no pico do exercício em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,001) de forma semelhante entre os grupos (efeito grupo, p=0,14). Em ambos os grupos a PAD e a PAM aumentaram no pico do exercício em relação ao repouso (PAD – Cirrótico: Repouso=75±9mmHg, Pico=82±17mmHg; Controle: Repouso=79±9mmHg, Pico=92±20mmHg; efeito tempo, p<0,001; PAM – Cirrótico: repouso=93±11mmHg, Pico=105±18mmHg; Controle: Repouso=97±10mmHg, Pico=113±17mmHg; efeito tempo, p<0,001), porém o grupo cirrótico apresentou menores valores de PAD (efeito grupo, p=0,01) e PAM (efeito grupo, p=0,04) em comparação ao grupo controle. A FC aumentou no pico do exercício em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,001) e permaneceu aumentada na recuperação em relação ao repouso (efeito tempo, p=0,02) de forma similar entre os grupos (efeito grupo, p=0,30). O índice RMSSD30 diminuiu no pico do exercício em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,001) de forma semelhante entre os grupos (efeito grupo, p=0,42). CONCLUSÃO: Pacientes cirróticos apresentam resposta pressórica e vagal preservada durante e após o TRMP. Porém, os valores de PAD e PAM são menores em comparação ao grupo controle.