Introdução: A artéria coronária única é uma anomalia congênita rara, encontrada em apenas 0,024% a 0,066% das coronariografias, na qual um único óstio coronário, a partir da aorta, origina uma artéria coronária para suprir o coração. Habitualmente, essa alteração é assintomática e com prognóstico benigno, porém, pode-se apresentar com infarto agudo do miocárdio, como é o caso do paciente que será apresentado.
Relato do caso: Masculino, 30 anos, tabagista, sem comorbidades, história familiar negativa. Admitido na emergência devido a dor torácica típica e eletrocardiograma com supradesnível do segmento ST em parede anterior. A cineangiocoronariografia revelou origem da coronária direita a partir do tronco coronariano esquerdo, além de lesão proximal de 50% com trombos na artéria descendente anterior. O ecocardiograma demonstrou fração de ejeção de 45%, septo ventricular com hipocinesia na porção anterior basal, acinesia médio-apical, hipocinesia inferior apical e anteroseptal basal; acinesia lateral e anterior apical e septal médio apical. Aguarda realização de angiotomografia de coronárias, a qual só poderá ser realizada em outro serviço.
Discussão: Anomalia das artérias coronarianas é definida como alterações que envolvem a origem, trajeto proximal ou leito distal. Dentre elas, encontra-se a artéria coronária única (ACU), anomalia encontrada muitas vezes como achado ao acaso. Sintomas como morte súbita abortada, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio e sincope em pacientes jovens são sugestivos da anomalia, podendo ser letais quando associado à atividade física extenuante. Nosso paciente negou qualquer sintoma prévio, seja ao esforço ou repouso. Na chegada ao hospital, teve dor torácica típica ao repouso, sem outros sintomas associados. As causas de isquemia miocárdica e morte súbita na ACU são indeterminadas, alguns mecanismos podem ser; a anatomia, a placa de ateroma e o fluxo turbulento nas coronárias.Trata-se de um caso de um paciente jovem, com aterosclerose precoce e lesão intermediária na artéria descendente anterior, com presença de trombos difusamente, e anomalia coronariana, com implicações de relevância prognóstica e terapêutica.
Conclusão: Casos de coronária única antemortem são ainda mais raros, com vista disso, é necessário realizar investigação aprofundada em pacientes jovens com sintomas severos, como dor torácica, para evitar desfechos desfavoráveis e guiar o tratamento.