A Doença Arterial Periférica (DAP) é um marcador de risco de Doença Arterial Coronária (DAC) na população geral. Diversos métodos são utilizados para diagnosticar DAP, entre eles a palpação do pulso pedioso e pelo ultrassom-Doppler (USD) das artérias dos membros inferiores (MMII). Existem poucos dados comparando a utilidade do método palpatório com o USD no diagnóstico da DAP e avaliando a relevância da DAP como preditora da DAC em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC). Tem como Objetivo avaliar o valor do método palpatório utilizando o Doppler como padrão-ouro no diagnóstico da DAP; analisar a associação entre DAP pelo método palpatório e pelo ultrassom-Doppler e a presença de DAC em pacientes com DRC avançada. Estudo retrospectivo observacional em uma população de 106 pacientes com DRC em hemodiálise estudada prospectivamente entre janeiro de 2010 a dezembro de 2019 (idade 54,5 ± 12,5, masculinos 59%, brancos 73%, hipertensos 93%, diabéticos 55%, dislipidêmicos 37%, DCV 52%). DAP foi definida ou pela ausência de pulso pedioso/tibial posterior ou por estenose > 50% pelo USD. DAC foi definida como estenose ≥ 70% por angiografia. A DAP foi diagnosticada em 30% dos pacientes pelo método palpatório e em 27% pelo USD (P<0,05) NS). DAC ocorreu em 68% dos casos (78% dos pacientes com DAP pelo USD e em 61% pelo método palpatório). Não se observou associação significativa entre DAP e DAC por nenhum dos dois métodos de avaliação da DAP. Os 2 métodos apresentaram baixa sensibilidade (palpação= 39%, USD= 56%) mas a palpação teve melhor especificidade (74% versus 41%) como preditora da DAC. Conclui-se que as prevalências da DAP e de DAC em pacientes com DRC são elevadas; os métodos palpatório e ultrassonográfico são equivalentes para o diagnóstico da DAP; nenhum dos dois métodos distinguiu entre os pacientes que tinham ou não tinham DAC. No entanto, a palpação foi mais específica que o Doppler. Pela sua praticidade e ausência de custo a palpação pode substituir o USD como método diagnóstico da DAP em pacientes com DRC.
