INTRODUÇÃO E FUNDAMENTOS: Dor torácica compreende um desafio diagnóstico principalmente quando os sintomas não são claros ou objetivos. Os protocolos de dor torácica contemplam bem a síndrome coronariana aguda de forma a otimizar o tempo até o diagnóstico e a imediata tomada de conduta terapêutica. A sobreposição entre lesão isquêmica e lesão inflamatória pode ocorrer em uma minoria dos casos tornado o diagnóstico diferencial ainda mais complexo. RELATO DE CASO: O caso em tela, versa sobre masculino de 43 anos, procedente de São Paulo, hipertenso, sem outros fatores de risco, com quadro gripal iniciado duas semanas e meia antes da admissão hospitalar por dor torácica Tipo B (provavelmente anginosas - TIMI Risk 02 - Heart Score 04) após esforço físico extenuante. Avaliado no protocolo de dor torácica, eletrocardiograma sugestivo de miocardite com elevação difusa do ponto J, infra de ST em aVR e distúrbio da repolarização ventricular em parede inferior, com curva de troponina adequada para o diagnóstico. À angiotomografia de coronárias, evidenciado lesão grave em Descedente Anterior (DA) com remodelamento positivo e realce tardio mesoepicárdico em segmento lateral apical. À cineangiocoronariografia, obstrução de 80% próximal em DA com alta carga trombótica. À Ressonância cardíaca, presença de realce tardio mesoepicárdico anterolateral médio e lateral apical e realce tardio focal subendocárdico anterior apical sugestivo de infarto embólico. Além desses achados, dosado sorologias virais, evidenciado positividade para Coronavírus subtipo 229E. Realizado follow-up de 04 meses com ressonância de controle demonstrando remissão do realce tardio mesoepicárdico com manutenção do realce tardio subendocárdico. DISCUSSÃO: o quadro clínico em questão nos sugere a possibilidade da coexistência de duas doenças. Uma miocardite viral prévia oligossintomática associado a instabilização de placa ateromatosa que, nas circustância apropriadas, evoluiu com Infarto Agudo do Miocárdio sem supra do segmento ST. Na literatura, está documentado que infecções virais, especialmente por influenza A e B, correspondem a um aumento de incidência em infarto agudo do miocárdio de até 5,78% por aumento do estado inflamatório e instabilidade de placa ateromatosa . Em contrapartida, dados sobre coronavírus nesse contexto são escassos muito embora sua correlação com miocardite já esteja bem documentada.