Introdução: Ritmo idioventricular acelerado (RIVA) é definido como ritmo ectópico com mais de três batimentos prematuros consecutivos, com frequência maior que a sinusal, no entanto, menor que a maioria das taquicardias ventriculares (entre 60 e 110 batimentos por minuto). Em geral, trata-se de uma arritmia benigna, autolimitada, sem repercussão hemodinâmica e que não requer tratamento específico, podendo ocorrer na fase de reperfusão do infarto do miocárdio ou associada à intoxicação exógena ou cardiopatia congênita. Todavia, pacientes que apresentam tal arritmia de forma sustentada ou incessante podem evoluir com taquicardiomiopatia. Métodos: paciente do sexo masculino, 68 anos, portador de hipertensão arterial, Diabetes Mellitus tipo 2, dislipidemia e cardiopatia isquêmica com angioplastia prévia (06 anos antes do evento atual) evoluiu com queda de fração de ejeção em ecocardiograma confirmada por ressonância magnética cardíaca, mantendo-se assintomático, sem disfunção estrutural que justificasse tal piora. Durante investigação, repetido cateterismo cardíaco com evidência de lesão em ramo Diagonal e angioplastia, tendo sido repetido ecocardiograma após: sem melhora da função ventricular; eletrocardiograma (ECG) e Holter: registro de RIVA (Figura 1) incessante (75% do tempo) com morfologia de bloqueio de ramo esquerdo e eixo para baixo, com episódios de até trinta minutos de duração. Encaminhado para avaliação de necessidade de cardiodesfibrilador interno (CDI). Resultados: Dado registro da arritmia, optado por ablação. O mapeamento em taquicardia permitiu a identificação de potencial precoce e fragmentado com precocidade de 60ms em posição basal-inferior, sendo aplicada radiofrequência (30W, 65º C, tempo livre, 12ml/min) com a interrupção da arritmia e manutenção de ritmo sinusal estável. Procedimento realizado com sucesso e sem complicações. Em ecocardiograma pós procedimento paciente apresentou recuperação de fração de ejeção (31% para 59%- método Simpson); sem evidência de RIVA ao eletrocardiograma ou Holter desde então (Figura 2). Sem indicação de CDI. Conclusões: RIVA em geral apresenta bom prognóstico. São raros relatos de caso como este, em que esta arritmia ocasiona disfunção ventricular. Provavelmente o paciente em questão já apresentava esse ritmo há alguns anos, mas como era assintomático o diagnóstico foi tardio. Nesses casos, o emprego de betabloqueadores mostrou-se efetivo para controle dos sintomas e a ablação é considerada terapia definitiva, com recuperação de fração de ejeção.