Introdução: A ocorrência de constrição coronariana é rara, apresentando discrepância quanto a sua incidência e um desafio diagnóstico anatômico e patológico, apesar das evoluções dos métodos de investigação coronariana. Objetivo: Relatar um caso de compressão coronariana extrínseca. Relato do Caso: Paciente masculino, 62 anos, com histórico de cardiopatia chagásica, com implante de ressincronizador e CDI há 3 anos, admitido com precordialgia há 3 dias irradiada para membro superior esquerdo, associada a dispneia leve, de início súbito, contínua e sem alívio com analgésico. Não apresentava fatores de risco para doença arterial coronariana. Apresentava PA de 94/62 mmHg, FC de 62 bpm e ECG com ritmo atrial sinusal e ventricular de marcapasso. Exames de CK-MB, CPK e troponina positivos. Tratado com enoxaparina, aspirina, clopidogrel e encaminhado para coronariografia que evidenciou ausência de lesões obstrutivas coronarianas, constatando imagem negativa diastólica em faixa no terço médio e outra no terço distal de DA. Ecocardiograma com FEVE 23%(Simpson), dilatação importante de câmaras esquerdas, movimento assincrônico septal, discinesia apical, hipocinesia difusa, insuficiência mitral e tricúspide importantes. O paciente permaneceu assintomático após o tratamento inicial, recebendo alta com aspirina, carvedilol, espironolactona, losartana e furosemida. Posteriormente realizou angiotomografia de coronárias que demonstrou compressão extrínseca do gradil costal dos segmentos médio e distal da descendente anterior, com escore de cálcio zero. O paciente foi mantido em tratamento clínico e liberado para reabilitação cardíaca. Discussão: O desbalanço entre a oferta e consumo de oxigênio foi provocado pela associação entre a compressão coronariana extrínseca, causada pela cardiomegalia, e o aumento da tensão superficial, causado pela sobrecarga volumétrica e espasmos coronários. A angiotomografia pode demonstrar a profundidade da coronária no miocárdio, e neste caso evidenciou coronárias livres das fibras miocárdicas, contrastando com o estreitamento observado pela constrição extrínseca. Em pacientes sintomáticos preconiza-se tratamento com betabloqueador ou antagonista de canais de cálcio. A intervenção percutânea, restrição hídrica ou revascularização miocárdica são destinadas a pacientes que persistem com sintomas ou com provas funcionais positivas a despeito do tratamento clínico. Conclusão: Pouco se sabe sobre prognóstico dessa condição, entretanto a ausência de sintomas e a cintilografia de perfusão miocárdica negativa reforçam a terapêutica nesse paciente.