Introdução: Síndrome de Takotsubo (STT) é condição rara e subdiagnosticada no contexto de síndrome coronariana aguda. Entretanto, há critérios bem definidos e população específica em que esse diagnóstico deve ser suspeitado. Nesse caso, apresentamos uma série pouco usual de eventos após intervenção coronária percutânea (ICP). Relato de Caso: Mulher de 59 anos, com antecedentes de depressão e doença arterial coronariana sintomática, internada para ICP eletiva em artéria descendente posterior (DP) e segunda marginal (MgE2). Tortuosidade severa impediu tratamento da lesão de MgE2. Após a ICP, evoluiu com angina típica não limitante, e não aceitou realizar nova angiografia para avaliação de complicações. Troponina confirmou infarto agudo do miocárdio periprocedimento. Um dia após a ICP, apresentou anemia aguda e hematoma inguinal, ultrassom revelou pseudoaneurisma, tratado com embolização. Após 48 horas, apresentou novo episódio de angina típica e eletrocardiograma evidenciou supra de ST em parede anterior extensa (Figura 1). Nova angiografia não mostrou lesões em coronárias, com stent em DP pérvio; no entanto ventriculografia mostrou padrão de balonamento com nova acinesia apical (Figura 2). Encaminhada a unidade coronariana (UCO), onde ecocardiograma confirmou esse achado, além de fração de ejeção de 40%. Evoluiu com hematêmese e melena, e endoscopia mostrou lacerações de Mallory-Weiss, tratadas com clip metálico. Apresentou normalização do supra de ST em 5 dias. Ressonância magnética cardíaca para avaliação de diagnóstico diferencial, antes da alta da UCO, evidenciou discinesia e fração ejeção em 53%, assim como realce tardio miocárdico transmural apical e subendocárdico ínfero-lateral, confirmando STT (Figura 3). Discussão: Sintomas semelhantes a síndrome coronariana aguda são a apresentação típica de STT, uma cardiomiopatia de caráter transitório com disfunção ventricular e padrão típico de balonamento apical, secundária a estressores físicos e emocionais, principalmente em mulheres a partir dos 60 anos, condições presentes no caso em questão. É condição subdiagnosticada, ainda mais no contexto de ICP eletiva, mas que pôde ser evidenciada pela ventriculografia, padrão ouro para o diagnóstico ou exclusão. Conclusão: Nesse caso, evidenciamos a ocorrência de STT, condição pouco usual de dor torácica após ICP, mas que deve ser lembrada em mulheres, na sexta década de vida, associada a eventos estressores, que foram múltiplos nesse caso.
(Figura 1)
(Figura 2)
(Figura 3)