Introdução: A síndrome de takotsubo(ST) é uma doença que acomete a microcirculação cardíaca comprometendo toda a região do ventrículo esquerdo(VE). Esta,por sua vez, leva a uma disfunção ventricular tendo em vista que se estende além do território de irrigação coronariana ocasionando uma alta queda da fração de ejeção ventricular. A sua incidência na população varia entre 1 a 3%, acometendo principalmente mulheres (90%) de meia idade (80%). O seu diagnóstico é ainda um grande desafio devido à semelhança clínica com o infarto agudo do miocárdio sem supra. Relato de caso: paciente do sexo feminino, 72 anos, apresentou-se com um quadro de dor torácica em queimação, retroesternal, sem irradiação,associada a dispneia progressiva, náuseas e um episódio de vômito após queda ao solo há 6 horas. A paciente é hipertensa, diabética, coronariopata (6 stents há 6 anos), em uso de terapia medicamentosa. A paciente dá entrada ao Pronto socorro com hipotensão arterial, taquicardia e congestão pulmonar. Em seguida foi realizada uma cineangiocoronariografia que evidenciou uma disfunção ventricular importante e uma obstrução da artéria coronária direita(70%). O ECO apresentou uma FE 29% (escore de simpson) e o ECG constatou uma área elétrica inativa em parede inferior e uma alteração difusa da repolarização ventricular com padrão onda T invertida em D1, AVL, V3-V6. Na sala da hemodinâmica houve a colocação de um stent farmacológico na artéria obstruída e a passagem de um balão intra-aórtico. A paciente evoluiu com um quadro de choque cardiogênico, tendo sido revertido com a administração de noradrenalina e dobutamina. Após 4 dias com medidas de suporte apresentou uma melhora do quadro,cessando o uso dos fármacos simpaticomiméticos e demonstrou uma melhora surpreendente da função ventricular (FE 76%). Discussão: A Cardiomiopatia de Takotsubo tem várias apresentações, sendo a mais comum do tipo balão apical(81,7%). O paciente com a ST, geralmente, tende a recuperar a sua contratilidade ventricular em 4 a 8 semanas após o tratamento. Na paciente observou-se uma recuperação da função do VE no período de 6 dias, com uma FE 76%(Teichholz) após o uso de medidas de suporte e controle das complicações. A sua ressonância magnética cardíaca demonstrou uma função sistólica global e regional do VE sugerindo, associado aos outros dados clínicos encontrados, a possibilidade de ST. Ainda não há protocolos de atendimento inicial para os pacientes com ST, dessa forma, o seu tratamento baseia-se em terapia medicamentosa e em medidas de suporte.
