Introdução: A fragilidade tem sido definida como uma condição multidimensional, que resulta de uma redução sistêmica das reservas energéticas e maior vulnerabilidade a fatores estressores. Está associada a doenças cardiovasculares e possui estreita relação com desfechos pós-operatórios. Esse estudo objetivou analisar a prevalência de fragilidade em pacientes submetidos à intervenção cirúrgica eletiva e sua associação com desfechos pós-operatórios. Métodos: Estudo longitudinal e prospectivo, com os valvopatas acompanhados no ambulatório clínico-cirúrgico de um hospital de alta complexidade, que internaram para realização de cirurgia eletiva, sendo excluídos aqueles que apresentaram sintomatologia durante a avaliação e os que não realizaram a cirurgia até dezembro de 2018. A presença de fragilidade foi avaliada utilizando o Short Physical Performance Battery (SPPB). Os pacientes foram avaliados antes e após a cirurgia e seguidos ao longo de 1 (um) ano. Resultados: Estudou-se 289 pacientes, idade média de 56,8 anos. A prevalência de fragilidade foi de 19,7%. Os pacientes frágeis tiveram maior número de lesão renal aguda (p=0,012), choque séptico (p=0,037), choque cardiogênico ou vasoplégico (p=0,037), disfunção diafragmática (p=0,018) e parada cardiorrespiratória (p=0,003). Esse grupo apresentou maior tempo de internação hospitalar (16 dias versus 11 dias p=0,012) e a fragilidade foi um preditor independente de mortalidade (OR 4,52 IC95% 1,89-11,07) (p=0,001). Conclusão: A fragilidade em pacientes valvares eletivos é prevalente em mulheres, sintomáticos, acima de 60 anos e com cirurgia valvar prévia. Indivíduos frágeis apresentam maior número de complicações pós-operatórias, incluindo óbito.
