INTRODUÇÃO: Cisto pericárdico é uma condição rara com incidência de 1/100.000, caracterizada por uma massa mediastinal. Representa 7% dos tumores mediastinais, sendo em sua maioria assintomáticos e localizados na margem direita do coração. Seu aspecto é homogêneo, ovalado, bem delimitado e contíguo ao coração. Os sintomas mais comuns são dor torácica atípica, dispneia, palpitações e tosse a depender dos órgãos pressionados. Costuma ser diagnosticado incidentalmente por exames de imagem, como ecocardiograma transtorácico (ECOt) - sensibilidade baixa, em torno de 38% -, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética do coração (RMC). Em assintomáticos, acompanha-se o cisto por meio de TC ou de RMC a cada 1-2 anos. Nos sintomáticos, recomenda-se aspiração percutânea, podendo haver a necessidade de ressecção cirúrgica. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 63 anos, procura cardiologista por achado incidental de cisto pericárdico em ressonância magnética de abdome por indicação de reumatologista. Queixava-se de dor torácica não anginosa em região hemicostal esquerda com irradiação para região epigástrica há 4anos. Refere piora noturna sem relação com alimentação e sem desconforto respiratório. Em 2016, realizou check-up para cirurgia de pálpebra com teste ergométrico negativo, ECOt indicando prolapso de valva mitral discreto e ultrassom de carótidas normal. Em 2018,foi realizado outro ECOt na tentativa de visualizar cisto pericárdico, porém o resultado demonstrou presença de um cisto extracardíaco. Devido à discordância, foi pedido uma RMC, que confirmou o diagnóstico inicial. O laudo indicou cisto pericárdico em íntima relação com os segmentos anterolateral, mediobasal e anteroapical do ventrículo esquerdo, sem compressão, sem sinais de restrição diastólica evidente, tamanho aproximado de 13x7x2,5 cm, volume estimado em 100mL. Em exame mais recente, não houve alterações no volume. DISCUSSÃO: O cisto encontra-se na margem esquerda do coração, o que é menos comum na literatura, representando cerca de 17% dos cistos pericárdicos. Os resultados imprecisos do ECOt reforçam sua baixa sensibilidade nesta condição. A ausência de sintomas típicos deste quadro, associada à não compressão de estruturas adjacentes ao cisto, sugere que os sintomas não tenham relação com o cisto pericárdico, o que levou a uma conduta expectante por parte do médico, com novos exames a cada 6-12 meses e tratamento sintomático.
