INTRODUÇÃO: As internações por causas sensíveis à atenção básica representam condições de saúde que podem ter o risco de hospitalização desnecessária diminuído, por meio de ações efetivas da atenção primária. OBJETIVO: Analisar as tendências das principais causas de internações hospitalares sensíveis à atenção básica relacionadas à prevenção de eventos cardiovasculares na cidade de São Paulo. MÉTODO: Estudo transversal descritivo e retrospectivo por notificação das internações por causas sensíveis à atenção primária nos serviços hospitalares do Sistema Único de Saúde na cidade de São Paulo. Para critério de inclusão foram selecionadas todas as internações através do Sistema de Informação Nacional de Agravos e Notificação (SINAN). O período estudado foi de janeiro de 2015 a novembro de 2019, último mês tabulado. As morbidades foram separadas de acordo com os Capítulos da Classificação Internacional das Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). RESULTADO: Durante o período estudado foram realizadas 447.910 internações por causas sensíveis à atenção básica, sendo que destas 154.811 estão diretamente relacionadas a distúrbios cardiovasculares. Dentre as relacionas a distúrbios cardiovascular diretamente a principal causa foi por doenças cerebrovasculares (DCV) 38,3%, seguida de insuficiência cardíaca (IC) 33,2%, angina 17,8% e hipertensão 10,7%. No que se refere a dias de permanência na internação, têm-se: DCV com 574.188 dias, seguida de IC (554.008), hipertensão (178.919) e angina (144.322). com relação às diárias de Unidade de Terapia Intensiva, observa-se: IC com 72.468 dias, DCV (47.083), angina (28.669) e hipertensão (1.645). no que diz respeito a valores totais gastos, nota-se, com valores aproximados: IC 125 milhões de reais, seguida de angina (117 milhões) DCV (105 milhões) e hipertensão (15 milhões). Dessas internações levarama à óbito: 7779 por IC, 6406 por DCV, 389 por hipertensão e 368 por angina. CONCLUSÃO: Apesar das doenças relacionadas diretamente a distúrbios cardiovasculares estarem listadas em apenas 4 (hipertensão, angina, IC, DCV), elas representam grande parte das internações por causas sensíveis à atenção básica, com muitos dias de internação, onerando o Sistema Único de saúde e levando à óbitos. Tal fato reflete a necessidade de mais e melhores políticas públicas para redução de prevalência e incidência dessas doenças, através de diagnósticos mais eficazes e de tratamentos que realmente levem ao controle dessas moléstias.
