INTRODUÇÃO. Pacientes oncológicos possuem elevada prevalência de doenças cardiovasculares, assim como também apresentam alta incidência de fenômenos tromboembólicos. Entretanto, tais pacientes apresentam elevada taxa de sangramentos. O tratamento de populações com alto risco de sangramento que apresentam necessidade de terapia antiplaquetária dupla (TAD) e/ou anticoagulação oral (ACO) permanece controverso na literatura. Relatamos o caso de um paciente oncológico, portador de tumor renal em uso de anticoagulantes orais diretos por trombose arterial aguda de membros inferiores, que apresenta síndrome coronariana aguda (SCA), sendo submetido a intervenção coronariana percutânea (ICP).
RELATO DE CASO. Paciente J.T.G., masculino, 72 anos, com diagnóstico de carcinoma de células claras renais, em progressão de doença, apesar de ressecção tumoral e tratamento antineoplásico com interleucina-2, Pazopanibe, Nivolumabe e Sunitinibe. Durante evolução, apresentou trombose aguda em membro inferior esquerdo, sendo submetido a angioplastia e uso de ACO com Dabigatrana. Interna em janeiro de 2019, com quadro de edema agudo de pulmão secundário a episódio de SCA. Realizada angiocoronariografia de urgência, sendo identificada obstrução aterosclerótica aguda em artéria descendente anterior e primeira artéria diagonal. Devido ao alto risco de sangramento e necessidade de tripla terapia no momento – TAD associado a ACO – optado por ICP com uso de stents farmacológicos (SF) sem polímero, além do uso de ácido acetilsalicílico (AAS), Clopidogrel e manutenção de Dabigatrana. Paciente evolui satisfatoriamente após ICP, permanecendo estável do ponto de vista hemodinâmico e cardiovascular, não apresentando sangramentos clinicamente significantes. Recebe alta após 13 dias de internação, mantendo tripla terapia, sendo suspenso AAS após 30 dias, mantidos Clopidogrel e Dabigratana.
CONCLUSÃO. O desenvolvimento de novos SF, essencialmente stents sem polímeros, com melhor perfil de segurança e eficácia em comparação aos stents convencionais, principal opção para tratamento de pacientes com alto risco de sangramento submetidos à ICP devido ao menor tempo de TAD, mostrou resultados superiores relacionados a diminuição de eventos cardiovasculares. A utilização de estratégias clínicas e intervencionistas que evitem descontinuidade de terapias antitrombóticas e anticoagulantes é essencial para otimização do prognósticos dos pacientes, principalmente aqueles de maior risco, como pacientes portadores de doença oncológica.