Introdução: A técnica de implante de valva cardíaca percutânea vem ganhando cada vez mais força durante os últimos anos, principalmente por ser um procedimento menos invasivo, com uma recuperação menos traumática. Em pacientes adultos com cardiopatias adquiridas, a troca valvar aórtica transcatéter já é bem estabelecida, assim como procedimentos valve in valve em posição de valva mitral e, menos difundida, em posição tricúspide.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 7 anos de idade, diagnosticada no período fetal com estenose pulmonar crítica, tratada com valvoplastia pulmonar neonatal e cirurgia de Blalock-Taussig modificada. Evoluiu com insuficiência pulmonar moderada, e posteriormente com piora clínica, sinais de insuficiência cardíaca direita, sendo visualizada insuficiência tricúspide importante. Submetida, primeiramente à plastia tricúspide, sem resultado satisfatório, sendo necessária a troca valvar. Realizada cirurgia de troca valvar tricúspide, com implante de prótese biológica aos 4 anos de idade. Aos 7 anos, a paciente apresentava piora clínica, com dupla lesão da bioprótese tricúspide. Pelo ecocardiograma transtorácico, um dos folhetos apresentava mobilidade muito reduzida, causando restrição da abertura e gradiente diastólico máximo de 13 e médio 9 mmHg, com refluxo importante ao doppler. Optado por realizar procedimento percutâneo, valve in valve em posição tricúspide. Procedimento realizado sem intercorrências, implante de bioprótese Sapien, via valve in valve hemodinâmica. Paciente evoluindo de forma satisfatória em acompanhamento ambulatorial, pelo ecocardiograma de controle, prótese em posição tricúspide com boa abertura, gradiente diastólico máximo de 7 e médio 4 mmHg, sem insuficiência.
Comentários: Esse caso mostra o implante de bioprótese via cateterismo em posição tricúspide, já em uma prótese valvar biológica prévia com dupla lesão importante, procedimento esse raro, mesmo em centros de referência. Fica clara a importância de estudos e de tal procedimento ser mais difundido, principalmente em uma população de pacientes com cardiopatias congênitas, que muitas vezes necessitam de diversas trocas valvares. O valve in valve percutâneo oferece uma possibilidade de correção da lesão valvar, com benefícios importantes na recuperação pós procedimento pela sua mínima invasão, sendo uma ótima opção para tais pacientes com múltiplas abordagens.
