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AMILOIDOSE TRANSTIRRETINA HEREDITÁRIA HOMOZIGOTA COM APRESENTAÇÃO DE CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA

Fabio Danziato Fernandes, Guilherme Meira, Amanda Marques, Lucca Zacharias, Gabriel Testa, Isabella P. Valsi, Gabriela Braguini, Aristóteles Alencar, Gabriela Ramires, Fabio Fernandes
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL, Centro Universitário São Camilo - São Paulo - SP - Brasil

INTRODUÇÃO

A amiloidose é uma doença de apresentação fenotípica heterogênea podendo simular cardiomiopatia hipertrófica (CMH). A forma hereditária da amiloidose transtirretina Val142Ile (ATTR V142I) afeta predominantes indivíduos afro-americanos com prevalência de 4%. Embora a maioria seja heterozigota, foram relatados pacientes homozigotos, nos quais observou-se um início precoce da doença cardíaca.

RELATO DE CASO

RSC, masculino, 64 anos, afro-americano.Relatou perda ponderal (7 kg em 6 meses) e dispnéia progressiva associada a ortopneia. Ao exame físico, apresentou pressão venosa jugular elevada e edema de membros inferiores.

Eletrocardiograma (ECG) evidenciou baixa voltagem. Ecocardiograma (ECO) demonstrou hipertrofia ventricular esquerda com septo e parede posterior de 15 mm, e fração de ejeção de 38%. Ressonância cardíaca com aumento biatrial e presença de realce tardio subendocárdico, com padrão difuso e heterogêneo nas porções basais do ventrículo esquerdo (sugestivo de amiloidose). Exames de imunofixação sérica e urinária para imunoglobulinas e dosagem sérica de imunoglobulina KAPPA/LAMBDA negativos. Na cintilografia óssea com tecnécio observou-se captação cardíaca de grau 3. Análise genética confirmou amiloidose cardíaca associada à variante ATTR V142I homozigoto.

DISCUSSÃO

A mutação do gene da ATTR é descrita em cerca de 5% dos pacientes com CMH, que apresentam neuropatia, Síndrome do Túnel do Carpo e baixa voltagem ao ECG. Esse fato sugere que a amiloidose pode ser considerada no diagnóstico diferencial de pacientes com CMH.

Baseado nos achados deste estudo, foi possível observar que a realização de ECO, ressonância e cintilografia com tecnécio contribuem para complementar o diagnóstico. Também auxilia no reconhecimento da infiltração cardíaca amiloide, do grau de hipertrofia ventricular e da caracterização da função sistólica e diastólica.

A presença do alelo homozigoto V142I é rara na literatura e ocasiona manifestações clinicas 10 anos antes do desenvolvimento normal da doença, ocorrendo principalmente em pacientes do sexo masculino, negros e sexagenários.

CONCLUSÃO

Amiloidose e CMH são doenças que apresentam características fisiopatológicas e clinicas semelhantes. Portanto, a suspeição clínica aliada à realização de exames complementares de imagem e da análise genética são importantes para o correto diagnostico etiopatológico.

A presença de homozigose, além da sua característica clínica de comprometimento cardíaco precoce, implica na necessidade de um rastreio familiar do paciente, uma vez que todos os descendentes terão a doença. 

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