Introdução: Segundo a Organização Mundial da Saúde, a principal causa de morte no mundo atualmente são as doenças cardiovasculares e por disso foi incluída como a primeira necessidade para Cuidados Paliativos no mundo, à frente das doenças oncológicas. Pacientes com doenças ameaçadoras de vida, sobretudo os cardiopatas, apresentam sinais e sintomas orofaciais decorrentes da doença de base e/ou do seu tratamento. Objetivos: Caracterizar a condição clínica e orofacial de pacientes cardiopatas em cuidados paliativos, caracterizar os sinais e sintomas bucais e categorizar os tipos de tratamentos odontológicos realizados em preventivos, curativos e paliativos.Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo de pacientes cardiopatas atendidos pela equipe interconsultora de Cuidados Paliativos de um Hospital Escola, no período compreendido entre setembro de 2018 e setembro de 2019. Resultados: foram incluídas 140 fichas odontológicas. O sexo masculino foi o mais prevalente, com mediana de 71 anos de idade. O diagnóstico principal foi a insuficiência cardíaca, com mediana de cinco morbidades associadas. A amostra utilizava uma mediana de 11 medicamentos. A queixa orofacial mais predominante foi a xerostomia (79,1%). O sinal mais observado foram os lábios ressecados (73,4%). O sintoma mais prevalente foi a xerostomia (54,3%). O escore médio do índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados foi de 19,9 e a perda dentária foi a mais prevalente. O traumatismo mucoso estava presente em 20,1% e o sangramento bucal em 9,7%. O momento natural da doença mais prevalente foi a terminalidade e o desfecho mais comum foi óbito (42,1%). Dentre os tratamentos odontológicos realizados, o paliativo foi o mais observado, com maior prevalência das prescrições de substitutos salivares (66,1%) e de hidratantes labiais (69,6%). Conclusão: Os pacientes apresentaram sinais e sintomas bucais com impacto local e possivelmente sistêmico. Apesar da atuação precisa do cirurgião-dentista, sua presença foi indispensável, uma vez que foi possível atuar nas esferas preventiva, curativa e principalmente paliativa, ao promover alívio e controle de sintomas.
