INTRODUÇÃO: Hipertensão Arterial Resistente (HAR) está associada ao maior risco cardiovascular. O padrão não dipper e a rigidez aórtica (RA) medida pela Velocidade de Onda de Pulso (VOP) são fatores de risco independentes para os eventos cardiovasculares (CV). Porém, há poucos estudos avaliando a associação entre HAR, descenso noturno, qualidade de sono e RA. O objetivo desse estudo é avaliar a relação entre a rigidez arterial medida pela VOP e o padrão pressórico noturno e polissonográfico de hipertensos resistentes com RA aumentada.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo transversal que incluiu 376 pacientes de uma grande coorte de hipertensos resistentes. Foram registradas as características clínicas e todos foram submetidos à medida de VOP, MAPA de 24 horas e polissonografia. A análise bivariada comparou os pacientes com VOP maior ou menor que 10m/s.
RESULTADOS: Dos 376 pacientes, 117 (31%) eram homens com média de idade de 63 (10) anos. Um total de 63 pacientes (17%) apresentava uma VOP > 10m/s. Estes eram idosos e obesos com maior prevalência de diabetes e microalbuminúria. Níveis pressóricos de consultório e de MAPA foram semelhantes, porém os indivíduos com RA aumentada apresentaram menor descenso noturno sistólico (4,7 ± 2,7 vs 8,6 ± 2,3%, p<0,001) e maior prevalência do padrão não dipper (68% vs 53%,p=0,02). Tinham maior índice de movimentos periódicos das pernas (15,3 vs 7,7; p=0,014). Embora sem significância estatística, apresentavam maior prevalência de AOS moderada e grave, maior latência para o sono REM, menor eficiência do sono, maior tempo de saturação de oxigênio abaixo de 90% e maior índice de despertares.
CONCLUSÃO: Os indivíduos com VOP aumentada apresentam um perfil pressórico noturno e polissonográfico mais crítico, possivelmente relacionado a um maior risco CV, apontando para a importância de avaliar estes parâmetros em hipertensos resistentes.