Fundamento: A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) está fortemente associada à hipertensão arterial resistente (HAR) e alto risco cardiovascular. O objetivo desse estudo é investigar a prevalência de AOS e o padrão da polissonografia (PSG) em hipertensos refratários de uma coorte de hipertensos resistentes.
Métodos: Estudo seccional envolvendo 418 pacientes com HAR (30,9% do sexo masculino, idade média 62,5 ± 9,9 anos) que foram submetidos à PSG. AOS foi definida pelo índice de apneia-hipopneia (IAH) > 5/h e AOS moderada-grave por IAH ≥ 15/h. HAref foi definida como a MAPA não controlada em uso de 5 ou mais anti-hipertensivos incluindo a espironolactona. A análise estatística incluiu a análise bivariada comparando hipertensos resistentes e refratários, utilizando os testes de Mann-Whitney e do qui-quadrado.
Resultados: Um total de 88 pacientes (21,1%) teve diagnóstico de HAref (25% sexo masculino, idade média 59 ± 8 anos). Comparados aos resistentes, os hipertensos refratários são mais jovens, com maior prevalência de tabagismo (18% vs 10%, p=0,04) e de doenças CV previas (50% vs 35%, p=0,013), em especial o acidente vascular encefálico (22% vs 10%, p=0,007).
A prevalência de AOS (81% vs 83%, p=0,64) e de AOS moderada/grave (51% vs 57%, p=0,34) foi semelhante nos 2 grupos assim como o IAH (15 [6-35] vs 17 [7-38], p=0,46). Por sua vez, os refratários apresentaram uma melhor eficiência do sono (78% vs 71%, p<0,001), com maior tempo total de sono (315 min vs 281 min, p<0,001) e menor latência para o sono (11 min vs 17 min, p=0,03). Não houve diferença em relação ao sono REM, à saturação de oxigênio e nem quanto ao índice de microdespertares e movimento periódico de membros.
Conclusão: Hipertensos resistentes e refratários têm prevalência de AOS semelhante, embora os refratários que, por definição são um grupo de maior gravidade, apresentem um melhor padrão de sono.