Fundamento: Transplante cardíaco (TxC)é tratamento de escolha para Insuficiência Cardíaca (IC) estágio D. Minas Gerais foi o segundo estado em número absoluto de TxC no ano de 2018, tendo realizado 50 procedimentos, sendo que destes, 38 foram realizados em hospital universitário federal (HUF) de Belo Horizonte. Conhecer o perfil dos pacientes que foram submetidos a TxC em HUF a fim de se identificar as características dessa população.
Métodos: Coorte retrospectiva que incluiu pacientes transplantados de Dezembro/2016 a Julho/2019. Dados coletados de prontuários dos pacientes e realizada análise descritiva.
Análise estatística e Resultados: Nos 32 meses estudados, 95 pacientes foram submetidos a TxC no HUF estudado, sendo 30 (31,6%) mulheres. A idade média dos pacientes foi 53 anos. Quanto aos fatores de risco, 16 (16,8%) pacientes eram diabéticos, sendo metade destes insulino-requerentes; 13 (13,7%) com história pregressa de infarto agudo do miocárdio, 12 (12,6%) de acidente vascular encefálico, 39 (41,1%) com fibrilação atrial prévia, 10 (10,5%) com insuficiência renal não dialítica, 6 (6,3%) com parada cardiorrespiratória prévia. Dos 95 pacientes, 7 (7,4%) utilizaram balão intra-aórtico com dispositivo de assistência prévia ao transplante. 13 (13,7%) já haviam passado por cirurgia cardíaca prévia. Quanto a etiologia da IC, temos 41,1% chagásicos, sendo a segunda maior causa de IC a carmiomiopatia idiopática (21,1%). A fração de ejeção média foi 24% e a resistência vascular pulmonar média 2,1. 76,8% dos TxC foram realizados em pacientes priorizados, sendo que desses 14 (14,7%) estavam em Hemodiálise devido a Síndrome Cardiorrenal. De acordo com a classificação INTERMACS, 13,7% eram perfil 1, 33,7% perfil 2, 23,2% perfil 3, 4,2% perfil 4, 5,3% perfil 5, 17,9% perfil 6 e 2,1% perfil 7. O tempo de isquemia total médio foi de 160 minutos e o tempo de circulação extracorpórea médio de 105 minutos. Dos desfechos observados tivemos 13,7% (13 pacientes) de mortalidade intra-hospitalar e vasoplegia grave em 10 (10,5%) pacientes.
Conclusão: Diferentemente do descrito na literatura e do encontrado em números de serviços fora do Brasil, a etiologia mais encontrada da IC refratária é a Doença de Chagas. Além disso, os TxC ocorreram, em sua grande maioria, em pacientes priorizados e INTERMACS 1 e 2, o que poderia justificar taxas de mortalidade acima do previsto pela literatura.