Introdução: Os serviços de cardiologia especializados em complicações cardiovasculares em oncologia são importantes para melhorar o atendimento geral a pacientes com câncer. A realidade desses serviços no Brasil ainda é desconhecida.
Métodos: Estudo prospectivo, observacional e transversal, realizado no Hospital de Amor de Barretos, no período de 1 de fevereiro de 2018 a 30 de maio de 2019, incluindo todos os pacientes avaliados no ambulatório de cardio-oncologia. Dados antropométricos, tipo de neoplasia, critérios de cardiomiopatia induzida por quimioterapia, classe funcional e terapias cardiovasculares foram avaliados.
Resultados: Foram avaliados 112 pacientes do sistema público de saúde. Eram 76 (67,9%) mulheres, com idade média de 48 anos. Tempo médio de espera pela consulta cardiológica: 20 dias. O câncer mais comum foi o adenocarcinoma de mama com 48 (42,86%) casos, dentre estes, 27 (24,1% do total) tinha receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2 +). Cardiomiopatia induzida por quimioterapia foi observada em 49 (47,1%) indivíduos. O método de avaliação da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE)foi preferencialmente: ventriculografia radioisotópica (MUGA)em 26 pacientes (53,1%) seguida pela ecocardiografia em 23 indivíduos (46,9%). Os estágios da classe funcional pela New York Heart Association (NYHA): I – 19 pacientes (38,8%). II – 25 (51%). III 4 (8,2%). IV – 1 (2%). Estadiamento da insuficiência cardíaca sistólica do ventrículo esquerdo: 18 pacientes com FEVE preservada (36,73%), 27 (55,1%) com FEVE intermediária e FEVE reduzida em 4 (8,17%) indivíduos. Todos os pacientes com cardiomiopatia induzida por quimioterapia receberam carvedilol. Enalapril ou Losartana foram prescritos em 38 (79,2%). Espironolactona em 12 (24,44%) e estatina em 4 (8,16%). Nenhum paciente em uso de ivabradina, sacubitril/valsartana ou inibidores do cotransportador sódio-glicose2.
Conclusão: A estruturação dos serviços de cardio-oncologia no Brasil é de suma importância frete ao grande número de casos de câncer e da elevada toxicidade do seu tratamento.