Introdução:As doenças cardiovasculares (DCV)constituem uma das enfermidades que mais acomete a humanidade, sendo responsável por aproximadamente 70% das mortes no mundo. Trata-se de uma condição multifatorial que abrange fatores modificáveis e não modificáveis. Sabe-se que muitas destas condições são adquiridas na adolescência e tendem a persistir até a maioridade, acentuando o risco de morbimortalidade na vida adulta. Assim, surge o questionamento se o conhecimento adquirido, por jovens universitários, ao longo do curso de medicina é suficiente para melhorar as condições de saúde deles ou a rotina do curso dificulta a obtenção de hábitos de vida mais saudáveis.
Metodologia:Realizou-se um estudo de corte transversal observacional, através de um questionário com questões de múltipla escolha a estudantes de medicina no segundo semestre de 2019 . Sua confecção foi baseada no Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ, Questionário de Tolerância de Fagëstrom e oAlcohol Use Disorder Identification Test.Foram avaliadas características sociodemograficas e a presença de fatores de risco modificáveis e não modificáveis para DCV. Dados antropométricos foram obtidos através de exame físico. Análise exploratória de dados ocorreu através de medidas resumo (média, desvio padrão, mínimo, mediana, máximo, frequência e porcentagem) para construção de gráficos e tabelas.
Resultados:Respondeu ao questionário 398 alunos. A média de idade foi 22,8 anos (desvio-padrão: 3,81), a maioria era do sexo feminino, caucasiano e já havia cursado mais da metade do curso.Evidenciou-se um aumento dos principais fatores de risco para DCV ao longo dos anos. Dentre os fatores modificáveis, destacou-se o sedentarismo referido por 65,9% no inicio do curso passando para 83,8% nos últimos anos. A ingestão de processados e frituras passou de 50,7% para 87,4% e o estresse foi referido por mais de 86% dos alunos ao longo dos anos, atingindo 91,9% na época do internato. Dentre os fatores não modificáveis, destacou-se o antecedente familiar para algumas doenças crônicas, como hipertensão arterial sistêmica referido por 43,5% dos entrevistados, dislipidemia por 32,1% e diabetes mellitus por 27,1%.
Conclusão:A presença de fatores de risco não modificáveis foi alto em todos os semestre do curso e os modificáveis apresentaram um aumento da sua incidência, principalmente no internato. Evidenciando a existência de lacunas entre o conhecimento e a prática diária, sugerindo a necessidade de implementação de estratégias de prevençao e alerta à ocorrência de DCV, ao longo do curso.