Introdução: O leitamento materno aos recém-nascidos (RN) e lactentes com cardiopatia congênita (CC) é ideal para garantir um bom estado nutricional e auxiliar na recuperação dos tratamentos nessa população. Essa população exibe características clínicas que dificultam o aleitamento materno, necessitando do auxílio de profissionais especializado. O estudo objetivou descrever o perfil de recém-nascidos e lactentes alimentados com leite humano de um posto de coleta de leite de uma instituição terciária de Cardiologia. Métodos: estudo retrospectivo que utilizou prontuários de RN e lactentes que receberam exclusivamente LH até os seis meses e que continuaram a ser amamentados até um ano em um posto de coleta de LH de um hospital especializado em cardiologia no município de São Paulo. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa sob o CAAE 13189019.0.0000.0060, e aprovada sob o parecer número 3.323.070/2019. Foram incluídos os prontuários dos RN e lactentes com até um ano de idade, portadores de CC, nascidos ou não na instituição que foram atendidos e receberam LH ordenhado no posto de coleta da instituição no período de janeiro de 2017 a janeiro de 2019, que totalizaram 32 prontuários. Foram excluídos, prontuários cujos bebês receberam fórmula láctea durante esse período, os que apresentaram os prontuários incompletos e dos que evoluíram para óbito. Resultados: os lactentes compuseram 68% da amostra; o sexo masculino foi prevalente (56%), a idade média foi de 96 dias, o peso médio ao nascer foi de 3.080g ± 493 g, com a média na evolução do período de internação de 4516 ± 1980g. Além disso, 50% da amostra apresentaram renda acima de 7 salários mínimos. O tempo de permanência médio na UTI foi de 9,5 dias, o de enfermaria 6 dias. Foram observadas 18 complicações como distensão abdominal em 11 casos (61,1%), vômito 6 (33,3%) e diarreia 1 (5,6%), nenhuma dessas complicações impediram a oferta de LH diretamente. Quanto as formas de oferta do LH, 68,8% foi ofertado pela mamadeira e mama da mãe, 12,5% sonda nasoentérica e mamadeira, 12,5% sonda nasoentérica e mama da mãe, 3,1% diretamente da mama materna e 3,1% associou sonda nasoentérica, mamadeira e mama da mãe. As doenças de maior incidência foram Tetralogia de Fallot e Coarctação de Aorta (15% cada). Conclusão: a identificação do perfil dos RN e lactentes com CC alimentados com leite humano possibilitou identificar as principais necessidades dessa população. Poucos estudos trazem o impacto da amamentação em crianças com CC. Protocolos clínicos podem ser aprimorados.
