INTRODUÇÃO: A Revista Brasileira de Educação Médica reconhece os estudantes de medicina como os mais vulneráveis a enfrentar situações estressantes. O fato é explicado pela carga horária intensa, privação do sono e de momentos de lazer, e/ou sofrimento psíquico diante da aproximação com a dor e a morte. Todas essas questões acabam comprometendo a qualidade de vida destes, seja pelas alterações físicas da adrenalina no organismo, seja pela tentativa de obtenção de prazeres efêmeros, os quais se resumem na utilização de substâncias como tabaco e álcool.
OBJETIVO: Avaliar as relações entre nível de estresse, lazer, prática tabágica e ingesta de álcool entre os acadêmicos de medicina de três universidades privadas do Brasil.
MÉTODOS: Estudo descritivo transversal, de caráter epidemiológico, com abordagem quantitativa na qual foi submetida ao questionário “Estilo de Vida Fantástico” à 134 estudantes de medicina de três universidades privadas brasileiras. Os critérios de inclusão são: fazer parte dos primeiros períodos do curso e estar de acordo com o TCLE.
RESULTADOS: De 134 estudantes entrevistados, 40% “quase sempre” ou “com relativa frequência” têm capacidade de lidar com estresse. Destes, 74% desfrutam do seu tempo de lazer e também 74% não fumaram nos últimos 6 meses. 60% “algumas vezes”, “raramente” ou “quase nunca” conseguem lidar com o estresse. Sendo assim, 71% não desfrutam do seu tempo de lazer e 60% ingerem mais de 4 doses de álcool em uma ocasião. 47% dedicam tempo ao lazer, dos quais 63% “quase sempre” ou “com relativa frequência” lidam bem com estresse e 25% são tabagistas. Por outro lado, 53% dos que não desfrutam do seu tempo de lazer, 80% são “algumas vezes”, “raramente” ou “quase nunca” capazes de lidar com o estresse (p < 0,0001).
CONCLUSÕES: O resultado do estudo foi de acordo com a literatura e apontou que os estudantes de medicina, de modo geral, vivem uma rotina estressante, não desfrutam do lazer e abusam do tabaco e, principalmente, do álcool. Nesse sentido, apoio psicológico e campanhas acadêmicas que abracem a causa parecem ser relevantes, afinal esses acadêmicos serão profissionais de saúde e, portanto, modelo de comportamento para população em geral.