Fundamentação: A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) demonstrou reduzir a morbimortalidade em pacientes selecionados com insuficiência cardíaca sistólica (IC). No entanto, esforços têm sido feitos para identificar corretamente os pacientes que mais se beneficiam com essa terapia. A avaliação de uma equipe multiprofissional para candidatos a TRC pode contribuir para a melhoria dos resultados.
Objetivo: Desenvolvimento de uma pontuação de estratificação de risco da TRC com base em preditores sociais.
Métodos: Coorte prospectiva realizada entre maio de 2017 e setembro de 2019, incluindo pacientes com IC com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) inferior a 35% e com indicação para TRC. Os pacientes foram avaliados antes do implante do dispositivo por uma equipe multidisciplinar que analisou quatro preditores sociais para um desfecho desfavorável (baixa adesão à medicação, presença de riscos psicossociais, baixa renda familiar e baixo nível de escolaridade). O escore social foi calculado pela soma aritmética simples do número de preditores presentes em cada paciente. A mortalidade por todas as causas foi avaliada 1 ano após o implante da TRC.
Resultados: 93 pacientes foram avaliados com seguimento médio de 1,0 (± 0,6) ano. 51 (54,8%) eram do sexo masculino, com idade média de 57,9 (± 12,2), com FEVE média de 24,1 (± 8,5) e Maggic scoreem 1 ano de 17,9 (± 11,6). A doença de Chagas foi a causa mais prevalente de pacientes com IC, sendo 29 (31,2%) pacientes e 29 (31,2%) tinha uso de terapia combinada com cardioversor-desfibrilador implantável. A mortalidade geral em 1 ano foi de 28 (30,1%). A análise multivariada mostra que o escore social e a doença de Chagas foram independentemente associados à mortalidade em 1 ano, RR: 1,7, IC 1,3-2,3; p <0,0001 e RR: 2,9, IC 1,3-6,6; p = 0,01, respectivamente. A mortalidade aumentou significativamente à medida que a pontuação social aumentou: 5,4% para uma pontuação de 0, 33,3% para 1 ponto; 50% para 2 pontos; 63,6% para 3 pontos; 62,5% para 4 pontos; p <0,0001, Log-Rank (figura 1).
Conclusão: O escore social pode representar uma ferramenta simples de prognóstico que pode ser empregada de maneira útil em candidatos a TRC, especialmente em países em desenvolvimento. O uso de uma equipe multiprofissional para avaliar pacientes candidatos à TRC pode ajudar a identificar corretamente os pacientes que podem se beneficiar mais da terapia.