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Ablação em paciente Atleta com Coronária Direita Anômala Associado a Taquicardia Ventricular Não Sustentada

Everli Pinheiro S. Gonçalves Gomes, Carolina Pinheiro G. Gomes, Bruno Kioshi Numata, Pedro Augusto Gori Lima, Evandro Sbaraini, Fabio K. Dorfman
HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA - - SP - BRASIL, Hospital das Clínicas Luiza de Pinho Melo - Mogi das Cruzes - São Paulo - Brasil

Introdução: As anomalias congênitas das coronárias podem ser na origem, estrutura ou trajeto. Ocorrem de 0,2 a 5,6%. A maioria assintomáticas. Em atletas pode causar morte súbita, indicando intervenção precoce.

Objetivo: Relatar caso de coronária direita anômala (CDA) associado a taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) cuja correção cirúrgica não resolveu a arritmia.

Descrição do caso: 58 anos, masculino, branco. Competidor de corrida de rua. Consultas cardiológicas anuais desde 2012. Em 2015 o teste ergométrico (TE) foi interrompido por TVNS. Ecocardiograma: aumento discreto do átrio esquerdo (44 mm). Holter: extrassístoles, isoladas, pareadas muito frequentes e vários episódios de TVNS (>43 batimentos) (Fig.1). Angiotomografia de coronárias (ATC): escore de cálcio zero e CDA emergindo da aorta ascendente logo acima da junção sinotubular, com angulação proximal, sem redução luminal (Fig.2). Ressonância magnética do coração: dilatação discreta biventricular, função sistólica biventricular normal, ausência de fibrose miocárdica, viabilidade preservada. Avaliação multidisciplinar: indicado correção cirúrgica da CDA.  Submetido a dissecção da artéria torácica interna direita com anastomose no terço médio da coronária direita. Pós-operatório: TVNS revertida com amiodarona. Após 6 meses fez TE e Holter em uso de amiodarona: ausência de arritmia. Após 2 anos, sem medicação, teve TVNS no TE, Holter: extrassístoles frequentes com bigeminismo. Identificado: arritmia idiopática da via de saída do ventrículo direito (AIVSVD). Optado pela ablação com interrupção da arritmia e mantido sem medicação.

Discussão: A coronária anômala é a causa mais frequente de morte súbita em atletas (12,2% - 17,2%) e ocorre após atividade física extenuante. No diagnóstico a ATC é o método de eleição. A compressão mecânica da CDA entre o tronco da artéria pulmonar e aorta no esforço poderia ser a causa da arritmia.  Neste caso, a arritmia sugeria um mecanismo não relacionado a isquemia por esforço, pois estava presente também no repouso, com mesma morfologia (não polimórfica) e a localização compatível com AIVSVD. Assim a CDA foi um achado, pois a resolução da arritmia se deu somente após a ablação.

Conclusão: A CDA é rara e potencialmente letal, se não diagnosticada e tratada, principalmente em atletas. Apesar do tratamento cirúrgico fazer parte do arsenal terapêutico da CDA, nem sempre trará benefício quando o objetivo for a eliminação de arritmia e não isquemia. Uma avaliação mais meticulosa do tipo e mecanismo da arritmia deve ser realizada antes da decisão cirúrgica.

 

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