As crises hipertensivas são ocorrências clínicas que podem representar mais de 25% dos atendimentos a urgências médicas¹, sendo responsável por 3% de todas as visitas às salas de emergência. Nos quadros relacionados a estes atendimentos, a emergência hipertensiva é a entidade clínica mais grave que merece cuidados intensivos. O estudo objetiva analisar o atual panorama de crise hipertensiva no Brasil e correlacionar com a epidemiologia atual.Realizou-se uma revisão sistemática da literatura e uma coleta observacional, descritiva e transversal dos dados de tratamento da crise hipertensiva, disponíveis no DATASUS – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH) no período de dez/2008 a dez/2018 e artigos disponíveis em Scielo, Lilacs e PubMed. No período analisado observaram-se 940.847 internações para a realização de procedimentos de tratamento da crise hipertensiva, representando um gasto total de R$258.187.669,21, sendo 2009 o ano com maior número de internações (124.613) e maior valor gasto durante o período (R$31.917.020,46). Do total de procedimentos, 63.614 foram realizados em caráter eletivo, 877.231 em caráter de urgência e 2 por outras causas, tendo sido 940.847 considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total foi de 1,42, correspondendo a 13.318 óbitos, sendo 2016 o ano com taxa de mortalidade mais alta - 1,67, enquanto o ano de 2009 apresentou a menor taxa - 1,26. A taxa de mortalidade dos procedimentos eletivos foi de 0,69 em comparação a 1,47 nos de urgência. A média de permanência total de internação foi de 3,3 dias. A região brasileira com maior número de internações foi a Nordeste com 359.069, seguida da região Sudeste com 290.134, Sul com 111.149, Norte com 105.751 e, por último, a região Centro-Oeste com 74.744 internações. Entre as unidades da federação, o estado de São Paulo concentrou a maior parte das internações, contabilizando 150.942. A região com maior número de óbitos foi a Nordeste com 5.280 casos, enquanto a região Centro-Oeste apresentou o menor número, com 805 óbitos registrados. A região Sudeste apresentou a maior taxa de mortalidade (1,66), seguida pela região Nordeste (1,47). Já a região Sul apresentou a menor taxa, com valor de 0,93. Pode-se observar um alto número de internações, principalmente, de caráter de urgência e do valor investido no tratamento da condição. Reflete-se a necessidade do maior investimento na prevenção primária para evitar que mais indivíduos evoluam para hipertensão, e na prevenção secundária reduzindo o número de pacientes que evoluem para as crises hipertensivas.