Fundamentos: A síndrome metabólica é um importante fator de risco modificável de morbimortalidade, sendo que a presença de diabetes tipo 2 concomitante a esta potencializa o risco de cardiovascular. Há uma deficiência de dados nacionais com relação a prevalência da síndrome metabólica na população de diabéticos, a qual visamos descrever neste estudo. Porém, a prevalência dessa comorbidade difere para cada diretriz atribuída, não havendo consenso em sua definição.Métodos: Foi desenvolvido um estudo observacional transversal com participantes da coorte Brazilian Diabetes Study. Síndrome metabólica foi definida segundo a V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção de Aterosclerose como obesidade central avaliada pela circunferência de cintura (CC), tido como CC≥94cm para homens e ≥80cm para mulheres, sendo esta associada a pelo menos dois de quatro dos seguintes fatores: triglicérides ≥150mg/dL ou tratamento para hipertrigliceridemia; HDL <40mg/dL em homens e <50mg/dL em mulheres ou tratamento para dislipidemia; pressão arterial sistólica ≥130 ou diastólica ≥85mmHg ou tratamento para hipertensão arterial; glicemia de jejum ≥110mg/dL ou diabetes previamente diagnosticado. Todos os participantes possuíam diagnóstico prévio de diabetes tipo 2. Síndrome metabólica também foi avaliada segundo os critérios daInternational Diabetes Federation (IDF) e segundo a National Cholesterol Education Program (NCEP), sendo esta última recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica.Resultados: Foram avaliados 887 indivíduos, com média de idade de 57,75±8,05 anos e tempo médio de diabetes de 9,57±7,21 anos. Síndrome metabólica estava presente em 79,4%(n=810) pelos critérios da NCEP e em 90,2%(n=800) quando aplicada a diretriz brasileira e os critérios da IDF. Na amostra total, 83,7% apresentavam HDL reduzido ou estavam em tratamento para dislipidemia e 54,9% apresentavam triglicérides elevados ou estavam em tratamento para hipertrigliceridemia. O uso de estatinas foi de 40,8%(n=350). Ademais, 88,3% apresentavam pressão arterial elevada ou estavam em tratamento para hipertensão, sendo que 39,3%(n=336) faziam uso de bloqueadores de receptores da angiotensina e 12,1%(n=104) dos indivíduos faziam uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina.Conclusão: Há elevada prevalência de síndrome metabólica nesta coorte de brasileiros com diabetes tipo 2, embora ocorra divergência quando diferentes diretrizes são aplicadas. Ademais, a maior parte dos indivíduos não estavam adequadamente tratados para hipertensão e dislipidemia.