INTRODUÇÃO: A abordagem percutânea de leões em bifurcações coronárias está relacionada a procedimentos complexos e a maior risco de complicações precoces e tardias. Embora a estratégia provisional com um stent seja a mais comum, sendo recomendada na maioria dos casos e apresentando menor taxa de reestenose intrastent, a abordagem de lesões mais desafiadoras exigindo técnicas com dois stents é cada vez mais frequente. Este estudo teve como objetivo analisar as intervenções coronárias percutâneas (ICPs) em bifurcações quanto às técnicas utilizadas, e compará-las com dados de ICPs em lesões não-bifurcação.
MÉTODOS: Estudo prospectivo observacional unicêntrico realizado entre 05/12/2018 e 07/01/2020 por meio da análise de dados de ICPs. Foram comparados os casos considerados lesões em bifurcações (envolvimento de ramo lateral com diâmetro >2,0mm) com casos não-bifurcação. As variáveis analisadas foram tempo total de fluoroscopia, dose total de radiação, volume de contraste utilizado e via de acesso escolhida. O grupo bifurcação foi analisado quanto às técnicas utilizadas.
ANÁLISE ESTATÍSTICA: compreendeu os testes do qui-quadrado, de Fisher e t de student.
RESULTADOS: Foram realizados no total 785 procedimentos, dos quais 227 (28,9%) foram ICPs, sendo 58 delas (25,5%) em bifurcações. Na comparação entre bifurcação e não-bifurcação, observou-se sexo masculino em 70,7% vs66,9% (p=0,58), média de idade 68,5 ± 11 vs 65,6 ± 12 anos (p=0,14), tempo de fluoroscopia 22,8 ±13 vs 11,6 ± 8 minutos (p=0,001), dose de radiação 13.809 ± 9.018 vs 7.633 ± 5.217 mGy (p=0,001), volume de contraste 203 ± 125 vs 136 ± 92 ml (p=0,004). Observou-se diferença entre os grupos em relação à escolha da via de acesso (femoral = 48,3% vs 31,4%, radial/ulnar = 51,7% vs 68,6%, p=0,02). A técnica de ICP em bifurcações mais empregada foi a provisional com um único stent (67,2%). As demais técnicas utilizadas foram a T and Protrusion (TAP) (12,1%), Double-Kissing Crush (8,6%), T-stent (5,2%), V-stent (5,2%), Mini-Crush (3,4%), e Culotte (1,7%).
CONCLUSÕES: As ICPs em lesões tipo bifurcações resultaram em maior dose de radiação, maior tempo de fluoroscopia, maior volume de contraste e menor uso do acesso radial/ulnar em relação a lesões não-bifurcação. A técnica de ICP em bifurcações mais empregada foi a provisional com um stent. Diversas técnicas com dois stents foram também utilizadas, porém em menor proporção.