Introdução: A cirrose hepática é caracterizada por comprometimento do sistema cardiovascular, diminuição da massa muscular e, consequente, perda da força muscular. Porém, será que existe relação entre força muscular e parâmetros clínicos desta doença? Assim, o objetivo foi avaliar a relação entre força muscular com os parâmetros hemodinâmicos e hepáticos de pacientes com cirrose hepática.
Método: Foram avaliados 16 pacientes com diagnóstico de cirrose hepática (9 homens e 7 mulheres, 54±12 anos idade, IMC 30±5kg/m²). A força muscular foi determinada pela força de preensão manual, obtida a partir da média de três tentativas de contração voluntária máxima do membro dominante (Saehan®). Após repouso de 15 minutos, em posição supina, foram registradas pressão arterial (PA; DIXTAL® 2022) e frequência cardíaca (FC; Polar®V800). Os exames bioquímicos de albumina, TGO, TGP, Tempo de Protrombina, Gama Glutamil Transpeptidase, Creatinina e Bilirrubina Total foram realizados no máximo até 2 meses antes da coleta dos dados. Foi realizado teste de correlação de Pearson e considerado significativo p < 0,05 (SPSS® versão 20.0). Resultados: A força de preensão manual foi de 28,7±10,3 kgf. Como esperado, os valores de albumina (3,9±0,4 g/dl), TGP (48±31U/L) e Creatinina (1,1±0,4 mg/dl) estavam dentro de parâmetros de normalidade. Por outro lado TGO (63,8±39,5 U/L), Tempo de Protrombina (1,2±0,2 s), Gama Glutamil Transpeptidase (189±176 UI/L), e Bilirrubina Total (2,5±3,9 mg/dl) estavam aumentados. Os pacientes apresentaram valores de pressão arterial sistólica (153±17 mmHg); diastólica (73±7 mmHg) e frequência cardíaca de repouso (67±11 bpm). Foi observada correlação positiva e significativa entre força de preensão manual e níveis de albumina (r=0,66, p=0,005). Por outro lado, a força de preensão manual não foi associada à PA sistólica (r=0,02, p=0,93), PA diastólica (r=0,24, p=0,30), FC (r=0,24, p=0,36), TGO (r=0,21, p=0,32), TGP (r= 0,10, p=0,42),Tempo de Protrombina (r=0,13, p=0,62), Gama Glutamil Transpeptidase (r=0,39, p=0,12), Creatinina (r=0,18, p=0,51) e bilirrubina total (r=0,08, p=0,74). Conclusão: Melhor controle da função hepática, caracterizado por maiores valores de albumina sérica, foi associado a maiores valores de força muscular de preensão manual em pacientes com cirrose hepática. A força muscular não teve relação com os parâmetros hemodinâmicos.