Introdução
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa que se manifesta por disfunção do músculo cardíaco e seu desenvolvimento está relacionado ao estado nutricional e à composição corporal. A utilização do ângulo de fase (AF), aferido por meio da bioimpedância (BIA) é descrita como válida, mesmo em situações com oscilações no estado de hidratação, e tem sido relacionado com desfechos clínicos e como indicador do estado nutricional.
Métodos
Estudo transversal com indivíduos de ambos os sexos, acompanhados pelo protocolo de IC de um hospital geral do estado de São Paulo. Os pacientes com impossibilidade de avaliação pela BIA (portadores de marcapasso e próteses metálicas extensas) foram excluídos da amostra.
Foram obtidos dados sociodemográficos (sexo e idade) e antropométricos (peso, altura e Índice de Massa Corporal - IMC) com o auxílio de balança Toledo®, capacidade 150Kg e sensibilidade 100g e estadiômetro portátil. O grau de IC foi estabelecido segundo critérios da New York Heart Association, descrito na III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca crônica e aguda (2018). Para obtenção do AF e massa muscular, utilizou-se os resultados do exame de BIA realizado com o aparelho Fresenius®.
Resultados
Participaram do estudo 51 pacientes, com média de idade de 80,1 ±11,8 anos, dos quais 68,6% (n=35) eram do sexo masculino. A média de IMC e AF foi de 25,4 +5,33 Kg/m2 e 3,84° ±1,08°, respectivamente. Em relação a classe funcional (CF) e AF, 15,7% (n=8) eram CF II com AF 4,35 (+ 1,85), 58,8% (n=30) CF III com AF 3,91 (+0,93) e 25,5% (n=13) CF IV com AF 3,34 (+0,56). Quanto a massa muscular, 43,1% (n=22) apresentaram valores reduzidos com AF 3,43 (+0,80).
Conclusão
O presente estudo demonstra que pacientes com maior classe funcional ou menor massa muscular apresentaram menor ângulo de fase. Sugere-se que o AF pode ser um bom indicador para avaliar o estado nutricional e para o monitorar o prognóstico da insuficiência cardíaca.
