INTRODUÇÃO:Estenose de artéria renal é a complicação vascular mais comum nos pacientes submetidos a transplante renal. Com o aumento da disponibilidade de transplante, se faz necessário identificar e tratar melhor essa complicação, que é uma importante causa de perda do enxerto. Na literatura há poucos estudos com populações pequenas a respeito da estenose de artéria em rim transplantad (TRAS). Nosso estudo objetiva avaliar os fatores preditores de TRAS. MÉTODOS:Coorte retrospectiva, selecionando pacientes através do banco de dados Collaborative Transplant Study e prontuário. Foram incluídos no estudo os pacientes maiores de 18 anos, com suspeição clínica de TRAS através de piora da função renal e hipertensão, VPS >250m/s e submetidos a arteriografia diagnóstica. Foram considerados TRAS os pacientes com lesão >50%. Os dados foram armazenados na plataforma RedCap. Através do Software R [V3.5.3] foi realizado a análise univariada e multivariada. RESULTADOS:Dos 6633 pacientes transplantados no período, 276 foram incluídos no estudo, sendo 166 no grupo TRAS tratados com stent e 108 no grupo controle. Em ambos os grupos há predomínio do sexo masculino, brancos e pacientes submetidos a hemodiálise. Comparativamente não houve diferença estatística em pacientes com hipertensão, dislipidemia, tabagismo, infecção por citomegalovírus, doadores de critério expandido e rejeição aguda pós transplante. Diabetes apresentou uma tendência maior no grupo TRAS, sem significância estatística (31,5% vs 20,6%; p= 0,06). Foi possível observar que os pacientes do grupo TRAS eram mais velhos (46,2 anos vs 40,9 anos; p=0.001), com maior tempo de atraso da função do enxerto (1,0 vs 0,7; p<0,001), com maior tempo de isquemia frio (21,4hrs vs 15,7hrs; p<0,001), com maior pressão sistólica (154,5mmHg vs 144,1mmHg; p<0,001) e pior creatinina (2,1mg/dl vs 1,9mg/dl; p=0,018) que o grupo controle. Na análise multivariada, retransplante (OR:4.55; 95% CI= 1.26–21.94; p = 0.031), atraso da função do enxerto (OR:1.068; 95% CI= 1.015–1.132; p = 0.01), tempo de isquemia frio (OR:1.036; 95% CI= 1.011–1.064; p = 0.0004), e nefropatia hipertensiva (OR: 2.55; 95% CI= 1.28–5.29; p = 0.009) se mostraram como fatores de risco independentes para TRAS. [AUC 0.77 (95% CI: 0.717-0.829)]. CONCLUSÃO:Apesar da necessidade de estudos mais robustos, nosso estudo com uma das maiores populações na literatura sobre TRAS, apresenta reestenose, atraso da função do enxerto, tempo de isquemia frio e nefropatia hipertensiva como fatores de risco para essa complicação vascular no rim transplantado.