Introdução: A cafeína vem sendo estudada pelo seu efeito ergogênico, e também pelo seu efeito na redução do sono, melhora do desempenho físico e diminuição da dor. No entanto, a literatura não é clara sobre os efeitos cardiovasculares da suplementação da cafeína. Há relatos que evidenciam grande impacto na resposta cardiovascular com potencial efeito arritmogênico. Objetivo: Avaliar o efeito da suplementação da cafeína na modulação autonômica da frequência cardíaca (FC) e na dispersão QT de jovens saudáveis. Métodos: Doze homens jovens saudáveis (idade: 24,3 ± 2,0 anos; massa corporal: 74,3 ± 8,6kg; e estatura: 1,7 ± 0,1m) em dias não consecutivos e randomizados foram suplementados com duas dosagens de cafeína – baixa (225mg/cps) e moderada (450mg/cps) - e placebo (silicato de magnésio). Os voluntários foram submetidos à coleta da FC e dos intervalos R-R (iRR) através de um cardiofrequencímetro por 10′ no baseline e 60′ depois da suplementação. Ao final dos 60′ da suplementação os voluntários foram submetidos à coleta do traçado eletrocardiográfico por 5′ em repouso sentado na derivação DII modificada. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi analisada por meio dos índices do domínio do tempo (RMSSD) e frequência (Baixa e alta frequência – BF e AF, respectivamente) a partir dos trechos de 5′ com maior estabilidade do sinal no baseline e a cada 10′ dos 60′ totais pós-suplementação. A dispersão QT foi obtida pela medida das médias dos intervalos QT – que compreende a distância em milessegundos da onda Q do QRS até o final da onda T do traçado eletrocardiográfico – de três batimentos consecutivos do trecho de 5′ do traçado. O QT ainda foi corrigido para a FC de cada voluntário. Para avaliar a confiabilidade, as medidas foram analisadas por dois avaliadores treinados e cegos. Resultado: Houve tamanho do efeito pequeno e moderado dos índices RMSSD e AF entre 40 e 50′ pós suplementação de cafeína em relação a condição basal. Com relação à dispersão QT, foram observados tamanho do efeito pequeno e moderado para as suplementações de 225 e 450mg, respectivamente. Por fim, nas análises inter e intra-avaliadores tanto nas condições de suplementação quanto placebo, os voluntários não mostraram alteração do intervalo QT, revelando boa concordância entre os avaliadores. Conclusão: As doses baixa e moderada de cafeína promoveram melhor modulação autonômica cardíaca com predomínio vagal ao final de uma hora pós suplementação. A dispersão QT apresentou pequeno e moderado tamanho do efeito nas doses de 225mg/cps e 450mg/cps.
