Trombo infectado em átrio direito associado ao cateter de hemodiálise: relato de caso
Introdução: Cateteres de longa permanência (CLP) são muito utilizados em pacientes dialíticos, enquanto aguardam fístula arteriovenosa (FAV), entretanto, seu uso prolongado pode levar a graves complicações mecânicas, infecciosas e trombóticas.
Objetivos: Relatar resolução do trombo infectado em átrio direito (AD) após antibioticoterapia e anticoagulação.
Descrição do caso: R.F.O, 32 anos, masculino, dialítico por nefropatia devido anabolizantes e portador de hipertensão arterial sistêmica, referia febre há 2 dias após 1 mês da implantação do CLP em veia subclávia direita (VSD). Durante a internação, realizado ecocardiograma transtorácico (ETT) sem alterações e hemocultura revelou crescimento de Enterobacter aerogenes. Foi prescrito ampicilina/sulbactam 12 g/dia por 21 dias, e após o término do tratamento, recebeu alta hospitalar em boas condições clínicas. Retornou após 14 dias com novo quadro febril, sendo iniciado empiricamente ampicilina/sulbactam 12 g/dia. Repetido ETT, que revelou trombo com cerca de 3,7 x 2,4 cm em átrio direito, foi indicada anticoagulação plena. Como houve crescimento de Klebsiella pneumoniae em hemocultura, foi substituído o esquema inicial por piperacilina/tazobactam 18 g/dia, vancomicina 2 g/dia durante 30 dias e mudança do local do cateter. Realizado ecocardiograma transesofágico, que mostrou trombo infectado no AD com 3 X 2,3 cm e imagem ecogênica na desembocadura da veia cava superior com o AD. Optou-se pela retirada do cateter da VJIE e implantação de novo CLP em veia femoral direita com confecção de FAV. Mediante uso de varfarina 5 mg/dia, os exames de controle com ETT mostraram progressiva redução do trombo em AD até a ausência dele dois meses após o início do tratamento.
Conclusão: Portadores de CLP em vigência de sinais de alarme correm risco de graves complicações, potencialmente fatais, uma vez que estão suscetíveis à evolução desfavorável caso não sejam investigados e manejados de forma adequada. Logo, o diagnóstico precoce pode levar a um melhor desfecho clínico para o paciente.