Introdução: Diversas enfermidades apresentam manifestações mucocutâneas, tornando o correto diagnóstico um processo complexo que evidencia, muitas vezes, a presença de diversas patologias frente aos vários sinais e sintomas de diferentes sistemas do organismo, apontando a necessidade da multidisciplinaridade para atendimento integral do doente, além da necessidade da realização de uma anamnese e exame clínico minuciosos, mas também da correta indicação e execução de exames complementares.
Relato de caso: Paciente de 44 anos, sexo masculino, tabagista, alcoólatra e usuário de substâncias ilícitas, apresentou quadro de tosse produtiva, sibilância, dispneia com piora progressiva e febre. Em internação hospitalar, realizou-se investigação para tuberculose sendo a cultura de escarro positiva para Mycobacterium tuberculosis na segunda cultura realizada. Após 6 meses do início dos sintomas, desenvolveram-se lesões hipercrômicas, indolores, não pruriginosas, inicialmente nas extremidades de membros inferiores e superiores, hélix e anti-hélix da orelha, com disseminação para toda a extensão de tronco e membros; alopecia em região do vértice da cabeça; perda ponderal de peso; ressecamento ocular com ceratite; fotofobia e anisocoria; lesões orais extensas, dolorosas e com bordas eritematosas bilateralmente pela mucosa jugal, palato duro, língua e em lábios, além de gengivite linear. Exames complementares imaginológicas e hematológicas, além da avaliação clínica pelo grupo de cardio-pneumologia, oftalmologia, hematologia, dermatologia e odontologia excluíram presença de neoplasia maligna ou não. Foram realizadas biópsias em cotovelo e em região de mucosa jugal à esquerda: ambas análises histopatológicas se caracterizaram como líquen plano. Laserterapia em lesões orais em conjunto com a terapia medicamentosa com corticosteroides apresentaram melhora total da sintomatologia das lesões mucocutâneas.
Conclusão: As informações clínicas e histopatológicas são fundamentais para o processo de diagnóstico de uma desordem mucocutânea; as investigações imunohistoquímicas auxiliam no descarte ou na definição da hipótese diagnóstica e, por consequência, na definição do tratamento e do acompanhamento clínico do paciente.
