Introdução
Os casos refratários à terapêutica clínica da insuficiência cardíaca podem se beneficiar de procedimentos intervencionistas. Para uma população específica, a terapia de ressincronização cardíaca (TRC) surgiu como uma proposta eficaz na redução da mortalidade e melhora na qualidade de vida.
Relato de Caso
Paciente do sexo masculino, 40 anos, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 22%, ritmo sinusal com BRE, QRS maior que 150 ms, classe funcional (NYHA) IV, e tratamento medicamentoso otimizado. Internação eletiva para implante de cardiodesfibrilador multissitio.
Iniciado o implante transvenoso, sendo implantado o eletrodo ventricular direito de CDI e o eletrodo atrial direito. Introduzida a bainha de cateterização do seio coronariano. Após diversas tentativas de acessar o seio coronariano, convertido para toracotomia ântero-lateral esquerda.
Na parede lateral do ventrículo esquerdo foi selecionada uma veia, puncionada na direção da ponta para a base do coração com jelco 24 e passado um guia 0,014. A posição do guia foi conferida na radioscopia passando pelo seio coronariano em direção ao átrio direito.
Pela extremidade distal da guia foi inserido o eletrodo quadripolar, sendo possível introduzir 3 pólos do eletrodo dentro da veia, sendo o quarto pólo fixado em contato com o músculo cardíaco (Fig1). Nos testes todos os pólos apresentaram limiar adequado, com bom posicionamento, sendo possível a ressincronização cardíaca (Fig2). Não houve complicações intraoperatórias.
Fig1 – A: Eletrodo quadripolar transvenoso inserido por via transtorácica diretamente na parede lateral. B: Visualização, no intraoperatório, do eletrodo pela radioscopia na veia lateral.
Fig2 – Rx tórax PA e perfil demonstrando a posição final dos eletrodos do TRC-D
Resultado
A evolução pós operatória foi adequada com alta no 3º PO. O seguimento ambulatorial é de 6 meses.
A classe funcional reduziu de IV para II. Paciente não apresentou terapias pelo CDI. O estímulo biventricular foi de 98%. Os limiares seguiram estáveis. Não foram identificadas complicações tardias.
Discussão
A técnica para implante diferiu pouco sendo que a evolução cirúrgica se mostrou semelhante a outros implantes epicárdicos. A dificuldade técnica somente foi identificada pela equipe na punção da veia cardíaca. O eletrodo ficou bem posicionado.
Conclusão: O implante do eletrodo quadripolar transvenoso via toracotomia esquerda se mostrou seguro e permitiu manter as vantagens de configuração do aparelho na melhor forma encontrada de ressincronização, com resultado clínico satisfatório.