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Choque cardiogênico secundário à toxicidade sistêmica relacionado ao uso de anestésico tópico

Rafael Alves Franco, Adriely Andrade Rezende, Renata de Souza Barreiros, André Franci, Lucas Trindade Cantu Ribeiro
Hospital São Luiz - Unidade Itaim - São Paulo - São Paulo - Brasil

INTRODUÇÃO: Intoxicação por anestésicos locais (AL), como a lidocaína, é um evento raro. Geram toxicidade sistêmica (TS) em menos de 0,01% das vezes, acometendo principalmente o sistema nervoso central. Cerca de 11% dos eventos graves acometem o sistema cardiovascular, ocasionando bradicardia, arritmias cardíacas e, excepcionalmente, disfunção ventricular. Casos são mais comuns nos extremos de idade, gestantes, portadores de disfunção renal ou hepática. Apresentamos o caso de uma paciente jovem que realizou procedimento estético com uso de anestésico tópico, evoluindo com choque cardiogênico secundário a disfunção aguda do ventrículo esquerdo (VE). 

RELATO DE CASO: Paciente feminina, 36 anos, hígida. Em julho de 2019 foi submetida a procedimento estético de pele do rosto e tórax com uso de laser em consultório dermatológico. Após o procedimento, aplicado anestésico tópico Cloridrato de Lidocaína (fórmula manipulada concentrada) por toda a pele tratada. Após o procedimento, paciente apresenta rebaixamento do nível de consciência, desconforto respiratório, bradicardia e hipotensão, sendo transferida para o nosso serviço. Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com má perfusão periférica e congestão pulmonar, caracterizando choque cardiogênico. Após medidas iniciais, evolui com melhora do nível de consciência e da saturação, mantendo perfusão periférica inadequada. Ecocardiograma realizado na urgência evidenciou disfunção ventricular importante, fração de ejeção do VE de 22%, às custas de hipocontratilidade miocárdica difusa, suportando suspeita inicial de TS secundária a lidocaína tópica em altas concentrações. Iniciado uso de inotrópicos e aminas vasoativas, evolui com melhora progressiva e estabilidade hemodinâmica. Frente a hipótese, realizada a administração de emulsão lipídica, descrita como antídoto eficiente para a lidocaína pela sua capacidade de clearancede compostos lipofílicos no sangue. Realizada ressonância magnética cardíaca (RMC) em 5º dia de internação, que evidenciou melhora discreta da disfunção do VE (35%), às custas de hipocinesia de todas as paredes, mais acentuada nas paredes inferior e apical, com edema e realce tardio extenso subepicárdico, de padrão não isquêmico. Recebeu alta hospitalar no 8º dia de internação, com disfunção moderada do VE (40%) em ecocardiograma de controle, tolerando otimização de beta-bloqueadores e vasodilatadores.

CONCLUSÃO: TS grave asociada a AL é rara mas associada a alta morbimortalidade. Uso de emulsão lipídica pode auxiliar no combate aos efeitos sistêmicos da lidocaína.

 

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