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Elegibilidade para estatina em prevenção primária com base na estimativa de benefício cardiovascular em 10 anos e no longo prazo

Fernando H. Y. Cesena, Raul D. Santos, Marcio S. Bittencourt
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - - SP - BRASIL

Introdução: selecionar candidatos à terapia com estatina com base no benefício potencial tem sido proposto, mas o impacto de tal método em relação à prática vigente não é conhecido. O objetivo deste estudo foi comparar uma estratégia de elegibilidade para estatina em prevenção primária baseada no benefício predito (no curto e longo prazos) com uma abordagem baseada na última diretriz de colesterol da AHA/ACC.

Métodos: incluímos indivíduos de 40 a 70 anos, sem doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA), sem diabetes mellitus, com LDL-c entre 70 e 189 mg/dL, triglicérides <400 mg/dL, que não usavam hipolipemiante. O risco de DCVA em 10 anos e até os 75 anos foram determinados pelas equações de coorte agrupadas dos EUA e pela ferramenta do Multinational Cardiovascular Risk Consortium (MCRC), respectivamente. Categorizamos o risco de DCVA conforme preconizado pela diretriz da AHA/ACC. Estimamos a redução de risco absoluto (RRA) com uma diminuição de LDL-c de 40% multiplicando o risco de DCVA pela redução de risco relativo obtida por uma equação previamente publicada. Indivíduos foram considerados elegíveis para estatina pela estratégia baseada em diretriz (EDIR) quando o risco calculado de DCVA em 10 anos era ≥7,5%, ou entre 5% e <7,5% com LDL-c ≥160 mg/dL. Elegibilidade para estatina pela estratégia baseada no benefício (EBEN) foi considerada se a RRA predita em 10 anos fosse 2,9% (valor esperado para alguém com risco em 10 anos de 7,5%, segundo uma regressão linear), ou se a RRA predita até os 75 anos fosse pelo menos igual à estimada para alguém do mesmo sexo e faixa etária com colesterol não-HDL ≥220 mg/dL, segundo o MCRC.

Resultados: foram analisados 13003 indivíduos (48±6 anos, 66% do sexo masculino). A proporção de elegíveis para estatina foi de 12,5% pela EDIR e de 11,5% pela EBEN (p<0,01). A concordância entre a EDIR e a EBEN é mostrada na figura. Em relação aos 303 sujeitos elegíveis pela EDIR, mas não pela EBEN, os 161 elegíveis pela EBEN, mas não pela EDIR, eram mais jovens (55±6 vs 49±6 anos, p<0,01), tinham LDL-c mais elevado (122±33 vs 163±14 mg/dL, p<0,01), RRA estimada em 10 anos semelhante [2,6% (2,4-2,8%) vs 2,6% (1,7-3,0%), respectivamente, p=0,24] e RRA predita até os 75 anos maior [7,5% (4,3-13,1%) vs 13,5% (11,0-24,5%), p<0,01].

Conclusões: em relação à EDIR, a EBEN modifica o estado de elegibilidade para estatina de 1 em cada ~7 indivíduos nas categorias de risco limítrofe e intermediário. Tal método pode ser utilizado para selecionar candidatos à terapia com estatina na prevenção primária de forma mais racional e personalizada.

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