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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

SAÚDE INDÍGENA E CARDIOLOGIA: COLOCANDO O CORAÇÃO PRÓXIMO ÀS MINORIAS

SANTOS, A. P. S., REIS, S. M., MINUCCI, G. S.
Universidade Federal de São João del Rei - São João del Rei - Minas Gerais - Brasil

 

Introdução: Pensar sobre saúde indígena é refletir nas concepções sobre o processo saúde-doença em diferentes culturas. Negligenciados e distantes das políticas e análises de saúde, os indígenas não recorrem, necessariamente, à medicina científica (biomedicina), tendo outras concepções sobre o que é cuidar e tratar. Objetivos: Analisar a busca e o acesso das populações indígenas no estado de São Paulo (SP) para o tratamento de afecções cardiológicas. Métodos:Análise descritiva a partir dos dados disponíveis no DATASUS sobre informações de morbidade hospitalar entre os anos de 2010 e 2019. Resultados: Durante os últimos dez anos, o estado de SP registrou 425 atendimentos à população declarada indígena nos serviços de saúde hospitalares. No período analisado, houve uma queda de 96% nos atendimentos, sendo que em 2010 foram colocados 312 internações e, em 2019, somaram-se apenas 16. Observando-se as doenças do Sistema Cardiovascular, aquelas que mais apresentaram casos foram Insuficiência Cardíaca (IC) (86 casos/20%); Acidente vascular cerebral (AVC) (65 casos/15%); Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) (51 casos/12%); e Hipertensão Arterial Sistemica (HAS) (39 casos/9%). Em relação ao gênero, a maior proporção geral era de mulheres (218 casos/51%), exceto no acometimento por IAM (homens representaram 54%). Quanto à faixa etária, o intervalo entre 50 a 80 anos somou mais de 63% dos casos, com destaque para a década de 60 a 69 anos (29% do total). Conclusão:  Chama a atenção a redução em 96% do atendimento à população indígena no estado. Sabe-se que, com o maior contato dessa comunidade com os não-indígenas, tem-se aumentado a incidência de doenças cardiovasculares e endocrinológicas devido ao desenvolvimento de fatores de risco, como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, alterações na alimentação, aumento do consumo de sal e de industrializados, etc. Esses aspectos aumentam os riscos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. No entanto, os dados indicam o contrário. A pesquisa revela que as doenças que mais são causas de atendimento hospitalar são aquelas que cursam com quadros crônicos, sendo o desfecho de várias outras condições e comorbidades, como a IC, o AVC e o IAM, ou seja, os indígenas procuram o atendimento médico em último caso, quando não conseguem controlar a progressão e as repercussões da doença com os recursos da medicina local. Deve-se refletir sobre o que justificaria a evasão dessas pessoas dos serviços de saúde do estado de SP. Deve-se aproximar o coração de indígenas e de não-indígenas para, juntos, trabalharem por todas as vidas.

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