Introdução: Dissecção aguda de aorta representa a condição clínica de maior mortalidade dentre os principais diagnósticos diferenciais em um protocolo de dor torácica. Dados nacionais sobre essa condição são limitados.
Objetivo: Avaliar os aspectos clínicos e a evolução clinica de pacientes internados por quadro de dissecção aguda de aorta tipo A em hospitais brasileiros.
Métodos: Estudo de coorte (registro ROAD) em que foram analisados os pacientes com diagnóstico de dissecção aguda de aorta internados em centros de referência para cirurgia cardiovascular. Foram avaliadas características basais e de evolução intra-hospitalar nessa população.
Resultados: Um total de 134 pacientes com diagnóstico de dissecção aguda de aorta tipo A foram incluídos no registro ROAD. Sobre as características basais, a idade média foi de 58,8 anos (+- 13,2), 59% eram do sexo masculino, 69,4% tinham antecedente de hipertensão arterial sistêmica, 29,9% de tabagismo, 14,9% de dislipidemia, 14,2% de diabetes mellitus, 13,4% de doença aórtica prévia e 3,7% de Marfan. O sintoma mais comum foi dor torácica em região anterior do tórax (64,2%) seguido de dor torácica posterior (38,8%) de forma isolada ou concomitante. Em relação aos sinais ao exame físico, sopro esteve presente em 28,4%, assimetria de pulsos/pressão 20,9% e déficit neurológico em 14,2%. Foi possível identificar elevação de ST em 3% dos casos e alargamento de mediastino ao RX em 62,7%. Ao ecocardiograma identificou-se insuficiência aórtica em 42,5% dos casos, derrame pericárdico em 19,4% e tamponamento em 8,2%. O medicamento mais utilizado foi o nitroprussiato de sódio (47,8%), entretanto, 23,1% dos casos analisados apresentaram hipotensão com necessidade do uso de noradrenalina. Tratamento endovascular foi realizado em apenas 2 pacientes (1,5%) e 70,2% foram submetidos a tratamento cirúrgico convencional. A mortalidade geral foi de 39,6% sendo cerca de 40% das mortes nas primeiras 24h de evolução.
Conclusão: A diversidade na forma de apresentação clínica e a alta mortalidade dessa doença tempo-sensível que foram identificadas neste registro nacional (ROAD) implicam na necessidade da formação de sistemas de atendimento integrados que permitam maior agilidade no diagnóstico e tratamento da dissecção de aorta no Brasil.