Introdução: O suporte de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), vem sendo cada vez mais utilizado em neonatos como ponte para recuperação da função ventricular1. No entanto, esse papel ainda não é bem estabelecido, devido a falta de estudos na população pediátrica2. Sendo assim, o objetivo deste estudo é relatar o caso de um neonato diagnosticado com miocardite decorrente de infecção viral por enterovírus, que evoluiu rapidamente para um colapso cardiovascular, sendo necessário o suporte de ECMO para a recuperação da função ventricular.
Relato de caso: Lactente com 6 dias de vida, deu entrada no pronto-atendimento apresentando febre e irritabilidade, sendo diagnosticado meningite viral, com a presença enterovírus isolado em líquor. Evoluiu com piora progressiva, sinais de baixo débito cardíaco, alterações laboratoriais (lactato e troponina) e alterações eletrocardiográficas (alterações de repolarização), além de arritmia (taquicardia ventricular). Diagnóstico presuntivo de miocardite viral baseado em quadro clínico e alterações acima descritas, pois não apresentava condições clínicas para transporte e realização de exame de imagem (Ressonância Nuclear Magnética) para confirmação da suspeita. Após 7 dias, já em ventilação pulmonar mecânica, em uso de drogas vasoativas optimizadas, e disfunção ventricular esquerda importante e progressiva, foi indicado suporte circulatório e iniciado ECMO. Permaneceu 8 dias em terapia (ECMO), associada a terapia de reposição renal, recebendo alta após 50 dias, com função neurológica totalmente preservada e recuperação da função ventricular (FE 58% - Simpson).
Discussão: Neonatos com miocardite viral tem alta taxa de mortalidade devido a disfunção múltipla de órgãos, com falha das terapias convencionais,sendo a ECMO uma ponte para a recuperação da função cardíaca a ser considerada3,4, podendo chegar a 62,9% de taxa de sobrevivência, conforme metanálise recente5.
