INTRODUÇÃO: A trombose de stent (TS) refere-se à oclusão ou suboclusão coronariana, com presença de trombo no interior de um stent previamente implantado (ou no segmento que envolve os 5 mm proximais ou distais), associado a pelo menos um dos seguintes critérios clínicos: sintomas isquêmicos agudos em repouso, novas alterações isquêmicas no eletrocardiograma (ECG), elevação típica dos marcadores de necrose miocárdica e documentação angiográfica da presença de trombo coronariano. Pode também ser definida por autópsia durante trombectomia. RELATO DO CASO: Paciente homem, 29 anos, hipertenso, tabagista, usuário de drogas ilícitas, com história familiar de coronariopatia, foi internado devido dor precordial típica com irradiação para membro superior esquerdo, região cervical e dorso. ECG sugestivo de repolarização precoce, curva enzimática positiva. Inicialmente, conduzido como provável pericardite. Feito ressonância miocárdica, não sendo possível excluir lesão coronariana. Feito então cateterismo (CATE) e evidenciado longa placa ulcerada com imagens de trombo no interior com estenose maior de 90 % em artéria descendente anterior (ADA). Feito diagnóstico retrospectivo então de síndrome coronariana aguda com supra ST parede anterior. Realizado angioplastia de ADA com stent farmacológico. Após 5 horas, houve recorrência de dor precordial forte e piora do supra ST no ECG, sendo iniciado tirofiban e encaminhado para novo CATE de urgência. Visto oclusão aguda de ADA por trombose intra-stent. Feito angioplastia coronária com recanalização por balão, com fluxo lentificado após, mantendo estenose residual intra-stent (imagem de trombo no stent). Após 3 dias, paciente apresentou novo evento coronariano com curva enzimática positiva, não tendo sido repetido coronariografia. Recebeu alta em uso de dupla antiagreagação plaquetária e anticoagulação com apixabana por 3 meses (por trombo apical visto em ecocardiograma intra-hospitalar). CONCLUSÃO: A TS é um evento coronariano associado a altas taxas de mortalidade hospitalar e morbidade tardia. Logo, a revascularização de emergência por meio da intervenção coronária percutânea (ICP) é o tratamento de escolha. Entretanto, a ocorrência de reinfarto por nova trombose pode ocorrer. Estratégias terapêuticas mais agressivas precisam ser discutidas e prontamente iniciadas para a prevenção de novos eventos intra e extra-hospitalares. A necessidade do uso de anticoagulantes orais dificulta ainda mais o manejo farmacológico nestes casos, não havendo consenso na literatura atual sobre o melhor tratamento a ser proposto.