Introdução: No ambiente hospitalar, a desnutrição representa um importante problema de saúde pública. Para melhor abordagem e identificação dos pacientes em risco nutricional, é necessária a utilização de ferramentas de rastreamento nutricional como a Nutritional Risk Screening (NRS 2002). Poucos estudos avaliam a associação entre risco nutricional e estado nutricional com o prognóstico de pacientes cardiopatas cirúrgicos. Objetivo: Verificar a associação do risco nutricional pré-cirúrgico com o prognóstico de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca de grande porte. Metodologia: Trata-se de um estudo longitudinal realizado com pacientes cardiopatas internados nas unidades de cardiologia clínica e de cirurgia cardíaca de um hospital universitário da cidade de São Paulo, com indicação de cirurgia cardiovascular de grande porte (com toracotomia), durante o período de março a dezembro de 2019. A presença de risco nutricional foi avaliada através do NRS 2002 aplicado em até 72 horas da admissão e reaplicado em até 10 dias em caso de ausência de risco. Também foram coletados dados de peso e índice de massa corporal (IMC). Foram avaliados tempo de internação em unidade de terapia intensiva (UTI), tempo de ventilação mecânica, presença de complicações, tempo de internação hospitalar e desfecho (alta/contrarreferência e óbito). Resultados: A amostra foi composta por 34 pacientes, com idade mediana de 61 anos, principalmente do sexo masculino. Na internação, 38,2% dos pacientes apresentavam risco nutricional, aumentando para 55,9% na NRS 2002 reaplicada antes da cirurgia. Com relação ao estado nutricional, a maioria dos pacientes foi classificada em eutrofia ou sobrepeso/obesidade pelo IMC. Quanto ao tipo de cirurgia, as mais comuns foram a revascularização miocárdica e a troca de válvula. O risco nutricional prévio à cirurgia apresentou associação com o tempo de permanência em UTI e com o tempo de internação total. Conclusão: O instrumento de triagem nutricional NRS 2002 mostrou-se uma ferramenta útil para prever o prognóstico do paciente cardiopata cirúrgico já que os pacientes em risco nutricional tiveram maior tempo de permanência em UTI e maior tempo de internação total.
