Pericardite pós-operatória em cirurgia cardíaca pediátrica: apresentação e características
Introdução: O pericárdio é constituído por uma dupla membrana que envolve o coração e a raiz dos grandes vasos e tem como funções a fixação e proteção destes órgãos. A pericardite corresponde ao processo inflamatório que envolve o pericárdio, podendo evoluir com derrame pericárdico. No contexto das cardiopatias congênitas, a pericardite e o derrame podem acontecer após correção cirúrgica, o que pode aumentar tempo de internação e taxas de reinternação e morbimortalidade. Neste sentido, este trabalho visa caracterizar a população de crianças submetidas a cirurgia cardíaca que evoluíram com pericardite e/ou derrame pericárdico em um serviço de cirurgia cardíaca pediátrica.
Métodos: Análise descritiva retrospectiva do perfil de crianças submetidas a cirurgia cardíaca que evoluíram com pericardite em um serviço de cirurgia cardíaca congênita nos anos de 2018 e 2019.
Resultados: Foram realizados 231 procedimento, 10 evoluíram com pericardite (4,3%). A faixa etária predominante foi entre 6 meses e 2 anos (40%). Dentre os diagnósticos pré-operatório mais prevalentes, 70% tinham Comunicação interatrial (CIA). Sinais e sintomas avaliados relacionados foram atrito pericárdico (90%), taquicardia (40%) e febre (20%). Derrame pericárdico foi observado em 40% das crianças. A principal comorbidade relacionada foi desnutrição energético-proteica (40%)
Conclusões: Nesta casuística verificou-se que o diagnóstico mais frequente que evoluiu com pericardite e derrame pericárdico pós-operatório foi CIA. Os principais sinais e sintomas foram atrito pericárdico, febre e taquicardia e, como principal comorbidade, a desnutrição. Estes achados são condizentes com os encontrados na literatura.