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Doença meningocócica com piopericárdio - uma manifestação rara de um patógeno comum e potencialmente letal

Layara Fernanda Lipari, Henrique Trombini Pinesi, Thiago Vicente Pereira, Fábio Cetinic Habrum, Lucas Lonardoni Crozatti, Juliane Rompkoski, José Vitor Martins Lago, Alexandre de Matos Soeiro
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO

A doença meningocócica é uma doença infecciosa de alta mortalidade, principalmente quando não tratada precocemente. Manifestações extra-meníngeas são raras (17%) e o envolvimento pericárdico é ainda mais incomum (3%) e frequentemente grave.

 

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 38 anos procurou PS com queixa de febre, mialgia, artralgia, cefaleia, odinofagia e erupção cutânea purpúrica há um dia da admissão. Foi atendida inicialmente em serviço primário e recebeu alta após exames de sangue e uma dose de penicilina benzatina intramuscular, sem informações sobre o diagnóstico nesta ocasião.

Após 1 semana, por apresentar piora dos sintomas, procurou atendimento em outro serviço. O exame físico desta ocasião evidenciou taquicardia, rigidez de nuca, artrite e pulso paradoxal, sem instabilidade hemodinâmica. A radiografia de tórax evidenciou cardiomegalia e o eletrocardiograma taquicardia sinusal. Frente aos achados foi realizado ecocardiograma beira-leito que confirmou o diagnóstico de derrame pericárdico volumoso com sinais de restrição, como colabamento de câmaras direitas e ausência de variabilidade da cava. 

Foi indicada pericardiocentese e, pela cefaleia com rigidez de nuca, realizada também coleta de líquor. Ambos os materiais apresentavam aspecto purulento, e as culturas identificaram Neisseria meningitidis. A paciente foi tratada com ceftriaxone endovenoso e drenagem pericárdica, apresentando boa resposta clínica. Recebeu alta hospitalar assintomática e sem sequelas.

 

DISCUSSÃO

Habitualmente a doença meningocócica é de evolução rápida, com piora dos sintomas em poucas horas. Nesse caso, como a paciente recebeu antibióticos de longa duração (penicilina G benzatina) no início do quadro, a doença apresentou um curso insidioso e, portanto, um diagnóstico tardio. O uso do ecocardiograma beira-leito mudou a abordagem do caso e agilizou o diagnóstico do quadro cardíaco. O derrame pericárdico é uma complicação rara (3% dos casos) e frequentemente grave da doença meningocóccica, podendo ser resultado de reação imune ou por presença direta do patógeno, como no caso descrito. A evolução para tamponamento cardíaco é ainda mais incomum, com poucos relatos de caso, e potencialmente fatal. Este caso ilustra uma piopericardite meningocócica com tamponamento cardíaco, apesar da falta de sinais clínicos de instabilidade hemodinâmica. Essa apresentação incomum da doença meningocócica reforça a valorização do exame físico e da investigação direcionada para diagnósticos diferenciais raros.

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