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Apresentação e método diagnóstico atípicos levam a evolução favorável após trombólise no tromboembolismo pulmonar.

Danielli Aline Giacomini, Gustavo Petry, Jandir Santos Silva, Ramses Miotto, Roberto Leo da Silva, Tammuz Fattah, Ozir Miguel Londero Filho, Rodrigo de Moura Joaquim
Instituto de Cardiologia de Santa Catarina - São José - Santa Catarina - Brasil

Relato: Feminina, 61 anos, hipertensa e obesa, com história de taquicardia ventricular sustentada (TVS) documentada em holter de 2019, vem a emergência após episódio de síncope. Na chegada apresentava dispneia com evolução de 3 dias, PA 83/51, FR 30, SpO2 85% e FC 126, sem alteração de ausculta pulmonar e cardíaca. ECG revelou novo episódio de TVS. Apresentou reversão espontânea antes de medidas, mantendo taquipneia e dessaturação. A gasometria arterial apontava hipoxemia (pO2=55), BNP (612) e troponina US (116) eram elevados. Aventada hipótese de tromboembolismo pulmonar (TEP).

Devido indisponibilidade de outros métodos, foi realizado ecocardiograma, que demonstrou aumento importante do ventrículo direito (VD) e hipocinesia difusa de grau moderado, aumento do átrio direito, da pressão sistólica da artéria pulmonar (75 mmHg), refluxo tricúspide moderado e fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 62%. Essas alterações não constavam em exame prévio recente.

A estratificação através do Pulmonary Embolism Severity Index (PESI) foi de muito alto risco de mortalidade em 30 dias (classe V). Dada a instabilidade clínica e alterações do ecocardiograma e marcadores, foi realizada trombólise com alteplase. Nas horas subsequentes ocorreu melhora clínica importante, sem necessidade de suporte de O2, mantendo-se estável e sem sangramentos no seguimento.

Discussão: Apresentação clínica do TEP é ampla. Síncope é vista em 5% dos casos, relacionada a instabilidade hemodinâmica e disfunção do VD. Pacientes instáveis tem mortalidade de até 50%. Alterações eletrocardiográficas variam de taquicardia sinusal até bloqueio de ramo direito. Arritmias atriais podem estar associadas. Em nosso caso a apresentação foi síncope e TVS provavelmente desencadeada pela distensão súbita de câmaras direitas em paciente com pré-disposição.

Troponina elevada é associada a maior mortalidade e o BNP reflete severidade da disfunção do VD e comprometimento hemodinâmico.  Apesar de não fazer parte do arsenal diagnóstico clássico no TEP, o ecocardiograma possui valor preditivo negativo de 40-50% e a dilatação do VD ocorre em 25% dos casos, sendo útil na estratificação de risco. O PESI é escore utilizado para avaliar severidade sendo que disfunção do VD e elevação dos marcadores cardíacos são classificados como intermediário a alto risco.

A despeito de apresentação atípica, sugerindo doença cardíaca prévia em investigação, a hipoxemia persistente, alteração nos marcadores e ecocardiograma foram capazes de identificar paciente com TEP grave, indicando tratamento e possibilitando evolução favorável.

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