INTRODUÇÃO: A Taquicardia Ventricular (TV) ramo a ramo representa 6% das TV monomórficas no laboratório de estudo eletrofisiológico (EEF) e 37% das TV monomórficas na cardiomiopatia dilatada. Costuma ocorrer em pacientes (pct) com doença cardíaca estrutural e disfunção do sistema de condução, incluindo doença valvar. Como a ativação ventricular passa pelo Sistema His-Purkinje, o QRS é sugestivo de taquicardia supraventricular com aberrância e frequência cardíaca (FC) acima de 200 bpm. Em cirurgia valvar, é mais comum nas primeiras 2 semanas de pós-operatório (PO). A ablação (ABL) de um feixe de ramo é considerada a terapia de primeira linha.RELATO: Pct masculino, 51 anos, portador de HAS, foi submetido em 10/09/2019 à troca de valva aórtica por bioprótese (estenose aórtica severa e insuficiência moderada), com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 40% no PO. Evoluiu com bloqueio atrioventricular total a partir do 2º PO. O Holter de 24h registrou episódios de TV monomórfica de 245 bpm, sem pulso e necessidade de manobras de RCP. Eletrólitos normais. Sem história familiar de morte súbita. Iniciado Amiodarona e ativado marcapasso epicárdico, mantendo FC de 90 bpm (estimulado). Cineangiocoronariografia sem lesões. Foi submetido ao EEF, com diagnóstico de TV ramo a ramo, seguido de ABL do ramo direito, sem indução de novas arritmias ventriculares. ECG pós-ABL em ritmo sinusal com bloqueio de ramo direito. No seguimento clínico, sem CDI e sem eventos. DISCUSSÃO: Este caso ilustra e reforça a importância do diagnóstico de TV ramo a ramo, que apesar da dramaticidade da evolução clínica no PO, trata-se de uma causa curável por ABL, não necessariamente sendo indicado CDI.