INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e abrange diversas mudanças fisiológicas irreversíveis e inevitáveis. As doenças cardiovasculares, como as valvopatias, representam uma importante causa de mortalidade e morbidade em idosos, podendo ocasionar limitações, dependência e fragilidade. Assim, considera-se relevante estudar as condições que influenciam o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos. O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre variáveis sociodemográficas (sexo, escolaridade e estado civil) e a qualidade de vida de idosos valvopatas no pré-operatório. MÉTODOS: Tratou-se de um estudo documental, transversal e quantitativo. A idade, escolaridade e qualidade de vida foram obtidas de um banco de dados do Serviço de Psicologia relativo a uma Linha de Cuidado de valvopatia cirúrgica de um hospital público. A variável estado civil foi coletada do prontuário eletrônico do paciente. Foram considerados elegíveis para o estudo pacientes com 65 anos ou mais, avaliados no ambulatório pré-operatório entre março/2018 e Julho/2019. Para avaliação da associação entre as variáveis foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, adotando-se o nível de significância de 5%. RESULTADOS: Participaram do estudo 198 pacientes, com idade média de 71,4 anos, 54,5% (n=106) eram mulheres, 57,6% (n=114) possuíam companheiro (casado/amasiado) e 59,1% (n=117) possuíam ensino fundamental incompleto. Observou-se associação entre sexo e os domínios capacidade funcional (♀=35,1; ♂=49,4; p=0,0006), dor (♀=52,1; ♂=68,1; p<0,0001), estado geral de saúde (♀=58,3; ♂=68,9; p=0,0068) e saúde mental (♀=61,2; ♂=73,9; p<0,0001), tendo os homens apresentado melhores índices do que as mulheres. Outra associação encontrada foi entre o estado civil e os domínios dor (companheiro=64,1; sem companheiro=54,8; p=0,0390) e saúde mental (companheiro=72,2; sem companheiro=60,2; p=0,0004), em que os pacientes com companheiros apresentaram melhores índices de qualidade de vida. Não foi observada associação entre escolaridade e qualidade de vida. CONCLUSÃO: Concluiu-se que há uma associação entre sexo e qualidade de vida e estado civil e qualidade de vida, sendo observado piores índices no sexo feminino nos domínios de saúde mental, dor, estado geral de saúde e capacidade funcional. Pacientes com companheiros apresentaram melhor saúde mental e menor percepção de dor. A variável escolaridade não influenciou a qualidade de vida de idosos valvopatas no pré-operatório.
Palavras-chave: envelhecimento; idoso; qualidade de vida; doenças das valvas cardíacas.
