Introdução: A perda muscular é frequentemente observada em pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI). A imobilização, a sepse, a falência orgânica e a resposta inflamatória sistêmica estão fortemente relacionadas a essa perda. A segmentação de risco desses pacientes com perda muscular é primordial para otimizar o manejo clínico, incluindo reabilitaçãomotora e estratégia nutricional, entre outras. Devido ao impacto clínico, estudos recentes têm se concentrado em métodos não invasivos que medem a espessura muscular, sendo que as medidas ultrassonográficas do músculo quadríceps parecem ser tão precisas quanto as da tomografia computadorizada. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi mensurar a perda de massa muscular, através da da espessura do quadríceps de pacientes internados em UTI, na admissão e na alta. Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo realizado em UTI geral adulto de um hospital privado, entre dezembro/ 2019 e fevereiro/ 2020. Foram considerados os pacientes admitidos na UTI, excluindo pacientes neurológicos, ortopédicos, amputados de MID, permanência < 24h em UTI e os que evoluíram com óbito na internação. As medidas foram realizadas com aparelho de ultrassom portátil Ge Healthcare, por duas fisioterapeutas treinadas previamente. Foi considerado o ponto médio da coxa direita entre o trocânter maior e a linha suprapatelar. A espessura muscular foi quantificada com uma marcação entre a distância da margem superior do osso femoral e a borda superior da fáscia profunda do músculo reto femoral.Foram realizadas duas avaliações, respectivamente, no dia da admissão e alta do paciente da UTI. Resultados e Conclusões: Foram avaliados 17 pacientes; desses, 4 foram excluídos por óbito e 4 por permanência < 24h na UTI. 9 pacientes foram incluídos no estudo (4 homens e 5 mulheres, idade média 58 anos (± 18,13). O período de internação variou entre 2 e 30 dias. Dos 9 pacientes, 2 tinham diagnóstico inicial de sepse e 1 esteve em ventilação mecânica invasiva (VMI) e em uso de sedação prolongada. Todos os pacientes avaliados apresentaram perda de massa muscular na avaliação da alta. A média da diferença de espessura foi de 4,35 mm, (±4,40), a menor perda foi de 1,3 mm em 3 dias de internação e a maior foi de 15,3 mm em 30 dias de internação. Observamos que os efeitos deletérios da UTI se instalam precocemente, nos primeiros dias de internação. E se prolongado, esse período trás comorbidades que vão além da alta, enfatizando a importância do trabalho multidisciplinar, da mobilização precoce e dos esforços em prevenir esses efeitos.